Socalcos
onde a terra estremece
em neve e solidão
pastores hibernam
dissolvem-se num silêncio
de águas mansas
ou entram pelo tempo
carregados de coalho
e odores antigos
com seus cães desatados
suas flautas
casas enlouquecem
devoradas pela brancura
e pelo frio
o equilíbrio penso
está nestas árvores
repartidas entre as colinas
e a memória ácida
dos glaciares.
in Poemas do Tempo Incerto, Vértice, 1983
Tem de haver um tempo
Tem de haver um tempo
para a vida e para a morte
tem de haver um espaço
onde concentrar
as lágrimas e o riso
um abismo
onde as árvores
cresçam em esquecimento
e claridade
uma porta rarefeita
por onde escoar
o que resta da solidão
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