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LUÍS SERRANO
Introdução a uma arte poética
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São como gotas
de água as palavras
pequenas células
que se estilhaçam
quando o silêncio
as toca de sombra
e claridade
palavras cujo eco
ressoa por abóbadas
e se desfazem
em coágulos vivos
de silêncio
ou se transmudam
em pedra
e são o que resta
de velhíssimas catedrais
submersas pelo tempo
a língua (e o poema)
estão nestas pedras
na grafia rigorosa do bolor
com que palavras
e pedras
se transfiguram
nos charcos de silêncio
onde se abrem
os rios da lembrança
e do esquecimento |
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in Poemas do Tempo Incerto , Vértice, 1983 |
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