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Revista TriploV
de
Artes, Religiões e Ciências
Editor | Triplov
ISSN 2182-147X |
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JORGE VICENTE............. |
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Três poemas |
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1 |
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talvez escrever
seja ascender um pouco mais na minha
condição de humano
digo ascender
porque não posso dizer entregar
o corpo ainda não me permite
ainda se sustém
no ritmo das sílabas
na junção de cada uma das palavras,
no encadeamento subtil
de cada respiração
que leva a outra e a outra e a todos os
caules das árvores abertas
ou por abrir
talvez ascender
demore a conjugação do corpo
com o sexo aberto das árvores
e não permita a vivência
e o sentir desmesurado de
ser-se
presente na nascência das folhas. |
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2 |
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estou presente em todos os lugares
na voz minha
na voz de todos
no texto que o corpo singrante desfaz
estou presente nesse corpo
que aumenta
reduz,
abre-se de forma contínua
e viva
entre os espaços
[frechas lembrando
artérias de anjos ou matéria libidinal
sem forma]
durmo
recebo
olho os olhos de quem me ama
sorrio e sinto-me uno na roda
entro em sintonia com o prazer
do lobo,
desfaço os nós da árvore
mesmo
que o prazer das folhas
seja cair e cair
e misturar-se no primordial
ouço o que a voz tem para me oferecer
alimento
desejo-me
tenho medo dessa voz
ou desse corpo
porque, no final do dia,
sei que escrever é um passo para a morte
uma morte alimentando
o rio que me ressuscita. |
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3 |
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todo o corpo é aberto ao sentido,
à vértebra saliente,
ao espaço de religação entre
o que é nosso e o que
vive no indiferenciado
todo o corpo
tem um sentido ausente-
de-si-mesmo,
um momento na criação,
um nome subtraído na
génese de todos os sexos
todo o corpo vive e é separado,
sustém a respiração,
se alimenta do caule da flor
mesmo quando ela expande
o seu ritmo arenoso de palavras.
Entrada no triploV:
18.03.2011 |
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