Anos sem fim, à luz do mar aceso,
te vi nudez quase total, tão grácll
figura juvenil, ambígua e fácil,
e ao longe às vezes totalmente nua
em só relance de malícia crua.
Tudo isso me atraía e me afastava,
embora a vista retornando escrava,
a teus lugares me tivesse preso.
E quase sempre então tua figura,
sentada estátua, ou falsa sesta impura,
lá era, ao sol, o tempo congelado.
Hoje, subitamente, tu não viste
ninguém senão o meu olhar quebrado,
e com lenta inocência te despiste.
Mas quantas rugas no sorriso ansiado!
24/2/1965
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