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JORGE DE SENA...
Concerto em Ré menor,
Para Piano e Orquestra, de Mozart, K 466

Finíssima amargura recatada,

que exasperadamente se contém

de gritos e lamentos mas devém

doçura tensa tão dialogada

que nas mesuras fica disfarçada

a dor de ser-se, que sabemos bem

não ser este sorriso mas além

a dura soledade condenada

à morte e à desgraça. Nada mais

que o esgar tranquilo, insólito e discreto

a despontar entre insistências tais

que é como triunfo de um rigor disperso

em salpicado som órfão de afecto,

morto do amor em que flutua imerso.

 
In: Arte de Música