A água está parada,
muito quieta no meio da noite.
E é preciso
perguntar-lhe: és água de um rio?
És água dum mar? És
água dentro dum copo
sobre uma mesa muito
antiga e sonhada?
És água para um cavalo
beber? Para um cão se banhar?
Para um homem e uma
criança se lavarem ao relento?
Para uma mulher, para
um gato, para um lobo?
E a água talvez não te
responda. Nunca te responda.
Ou te responda tarde
de mais. Ou nem sequer te ouça.
Mas tu pergunta.
Pergunta e espera pela resposta.
Mesmo que os minutos
passem entre ti e a água.
E devagar uma silhueta
se desloque
e depois se detenha no
meio das árvores imóveis. |