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GABRIELA ROCHA MARTINS
En tarde ser
- abraço

usavam.se nas flores colocadas à janela

fechavam.se na corola que se queria para lá do verde

seriam rama se a cor não fosse o presságio de um adeus

o tempo havia.os deixado presos ao vínculo

um do outro

como meninos que visitavam o sonho

ou o sonho que

num abrir da flor os visitava em mãos abertas

ninguém ousava entendê.los e

eles muito menos

eram como os miúdos que saltavam parapeitos

precipitavam.se nos abraços guiados pelos afectos

percorriam atalhos em busca de outros sóis

ficavam presos no desassossego de serem

em madeiras carcomidas

tinham.se no ante ser

quando não se conheciam

havia um desabrochar de braços e

a entrega havia sido total

em tempo de acreditar

ela acreditou

não havia palavras nas palavras dele

apenas o sentimento gerido em outras contingências

A partilha passou a ser uma exigência não consentida

tornou.se uma perigosa brincadeira reiterada ao infinito

era tempo de acreditar

ela acreditou

perdeu as flores que se queriam de muitas cores

mais uma vez ela acreditou

havia uma janela fechada de grades azuis

A janela de grades azuis

fechada enquanto ela olhava para além de

não via

ouvia flores

regava palavras

coloria imagens

ela era ele e ele era a noite

o sol

mas se era noite então não era o sol

NÃO

era ela

NÃO

era ele

eram eles os senhores das noites que

se detinham em flores presas em janelas fechadas

eram seres em solidão/aprisionados

eram esqueletos de algo que nem um nem outro sabiam

A exigência corrompida

A desculpa suada

A entrega precipitada

NÃO mais compromissos

NÃO mais eles

NÃO mais equívocos

NÃO mais mundos paralelos

ele continuou absorto na rega das flores deixadas em janelas fechadas

ela houve.se solta na janela aberta

deixou que as flores secassem e não chorou

preferiu.se assim

ela deixou de acreditar

estendeu o braço

tentou abrir a janela

ele segurou.lhe os mamilos

fechou a janela e deixou.a presa no abraço

de saltar

o complexo suicida

não

um dia o novelo sufocou.a

não olhou para trás

abriu a janela

esqueceu.se das flores

esqueceu.se dele

esqueceu.se de se esquecer

simplesmente saltou

gabriela rocha martins
maio, 2008.

gabriela rocha martins (Maria Gabriela Rocha de Gouveia Martins) nasceu em Faro, no inverno de 1948.

Foi representante no Algarve da Fundação Natália Correia; é membro da Sociedade de Língua Portuguesa; sócia da Associação de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas; sócia fundadora ( como Escritora ) da Associação de Jornalistas e Escritores do Algarve (AJEA) e presidente da direcção do Prémio Litterarius, Racal Clube

 

Habilitações Académicasformação na área do  Direito (Universidade Clássica de Lisboa ) e em Ciências da Documentação ( nas áreas de Bibliotecas e Centros de Documentação ).

Publicações

Ensaio  obra vária;

Comunicações em Congressos, Conferências e Encontros, nacionais e internacionais;

Correspondente redactorial do Jornal “Letras e Letras”;

Artigos em Revistas;

Crónicas em Jornais;

 

Poesia – premiada em vários concursos nacionais.

                 Em 2005 e 2008, integrou as Antologias da II e da III Bienais de Poesia de Silves

                 Encontra.se, igualmente, representada na I Antologia de Poetas Lusófonos, Ed. Folheto, Edições & Design, 2008.

Obra Editada:

 Inquietação” – poesia e conto. Editorial Minerva, 2006

“Poiesis” ,  Vol. XIVpoesia.  Editorial Minerva, 2006

“Poiesis” – Vol. XV – poesia . Editorial Minerva, 2007

.delete.me. – poesia .Folheto, Edições & Design, 2008

 

Revista Litterariuspoesia e conto . Imagem Local, 2007

Revista Oficina da Poesia ( no prelo )

 

Representada no poema “O Estado do Mundo”, criado no ciberespaço, 2003

Representada, como membro efectivo, em http://poetasdelmundo.com, Europa, Portugal.

Representada em http://harmoniadomundo.net, Poesia

 

Páginas Web

http://cantochao.blogspot.com – canto.chão

http://the-last-dance.blogspot.com – the last dance

http://ksar-ash-sharajibe.blogspot.com – ksar ash.sharajibe 2

 

 
SILVES, CAPITAL DA PALAVRA ARDENTE