Poeta raro na literatura portuguesa contemporânea, Eugénio de Andrade é o músico da palavra elevada ao seu máximo rigor. Um rigor, por vezes, obsessivo.
A sua poesia, despida de quaisquer artifícios, assenta num límpido processo imagístico, onde os elementos tradicionais - a terra, a água, o fogo e o ar - se redescobrem ou anulam lentamente, sílaba a sílaba, palavra a palavra.
É o poeta que diz: "Sou filho de camponeses, passei a infância numa daquelas aldeias da Beira Baixa que prolongam o Alentejo e, desde pequeno, de abundante só conheci o sol e a água."
Rui Mendes