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CLEYSON GOMES |
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Romper artérias |
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I
(Romper a artéria do segundo...)
Romper
a
artéria do segundo
dilacerando a
anestésica sinestesia do Qorpo
calcário em decomposição.
O olho
em direção ao susto
dilata
a pupila já exausta
em
transe.
Gotículas de medo
evaporam-se a cada movimento
monossilábico da tensão
no
abrirfechar das narinas.
O
hiato alaga o ato
infindável em repouso contínuo.
Um
pestanejar repentino
quebra
a estaticidade da matéria
–
reinício do face-a-face...
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II
(Quantas vezes for desnecessário...)
Quantas vezes for desnecessário
habitarei o exílio do verbo.
Sílaba
por sílaba
golpeio a palavra
– de
frente
recebo
de volta o impacto
bem no
fundo
do
âmago
da
mente.
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III
(Um pássaro cruza o céu da rua...)
[para
Camila Vardarac]
Um
pássaro cruza o céu da rua.
Crua
sensação algema
,
instantaneamente,
a
limitada existência racional.
Um
bando de pássaros pousa
nos
fios de alta-tensão.
Compreensão petrifica o abstrato
no
vertical olhar-tato.
A
lucidez sempre
buscando sempres.
Os
pássaros
,
mesmo pousados,
sempre
buscando voos.
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IV
(Diáfano num close de Buñuel...)
Diáfano
num
close de Buñuel:
difusa
confusão de sentimentos...
Pesar:
sobreposição de imagens, movimentos...
O
azedume da agudeza agônica
divide-se para
, a
leste,
contemplar o louro sol
nascente no pensar;
a
oeste,
amar o
ruivo sol
poente
no peito.
Diáfano
num
close de Buñuel:
difuso, confuso, disperso
sigo...
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V (À
sombra de Breton...)
À
sombra
de
Breton,
inquilino dos albergues
absurdamente
opostos ao Norte
–
longe dos confortos do Real,
sigo:
desflorando poréns;
desabitando eus;
verlaineando axiomas.
No
incurável subsídio do agora
nem
Zeus
nem
Dylan Thomas
estancarão o ir-embora
dos
mins em subversões-aléns.
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VI
(Nesse mar pantanoso...)
Nesse
mar pantanoso
transbordando sabishisa
,
adiando o inesperado
para
muitos,
desvivencio mitos
ao
fraturar
constantemente
a
arqueologia dos gritos.
Nesse
roto
lado
de hibridez
sou
fluxo
rato
minucioso atravessando paredes
desdenhando o felino siamês.
Profundo é o impacto
expandido para dentro.
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VII
(Tecerei loas aos leões estéreis...)
Tecerei loas aos
leões
estéreis
famintos
e
mais:
rabiscarei excrementos
em
(am)puta(da)s virgens
esclerosadas;
cavalgarei no
equino
sentimento dorso partido,
sempre
osculando krios.
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VIII
(A cor mais interessante...)
A cor
mais
interessante
é a
ausência:
a
opacidade do grito
revela
estigmas.
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IX
(Áspera lambida...)
Áspera
lambida no
períneo da sucessão dos dias,
a
ânsia.
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X
(Villon...)
Villon,
meu
testamento é
a
contração dos músculos
–
o obtuso hálito
turvo
da noite –
em
relaxamento tenso
pré-silêncio
pós-operatório
agudez
no mirar do dedo
indicador de dor
na
cara o escarro
a cor
a
vontade incessante
de
flechar-se
no
alvo-íntimo
do
instante.
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Cleyson Gomes nasceu em Campo Maior-PI, mas reside em Teresina-PI desde
os 7 anos de idade. Iniciou as faculdades de História e
Letras/português, abandonou ambas. Publicou os livros "Poemas Cuaze
Sobre Poezias" (FCMC - 2011) e "Aos Ossos do Ofício o Ócio" (Penalux -
2014). Também é músico e compositor. Cultiva como bonsai o blog
"saladapoeticalia.blogspot.com".
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