Na minha mão trago um poema e uma alface
Nascem da terra palavras e as coisas da horta
Por isso na mão esquerda eu faço este enlace
E com a mão direita bato devagar á tua porta
Trago também um grande, um enorme repolho
Há poucas horas ainda ele respirava humidade
Não sei se tu o aceitas. Não sou eu que escolho
Eu apenas o transportei do campo para a cidade
Trago-te também alguns limões bem amarelos
Frescos graças á ajuda dos últimos aguaceiros
Eu plantei esta árvore onde hoje fui colhê-los
E pelo cheiro se percebe que são verdadeiros
Haverá talvez uma moral neste meu gesto
Trazer um pouco de mim na terra trazida
Colada ás minhas mãos ela é um manifesto
Juntando esta minha terra á luz da tua vida |