Portugal é um país de contrastes. Escolheu para feriado nacional máximo, dia da Pátria, o dia de um poeta mas esse mesmo poeta morreu à fome embora depois muita gente tenha enchido a barriga à custa da sua poesia. Vivi em Vila Franca de Xira parte da minha infância e adolescência e cedo percebi que as pessoas consideravam mais a irmã do escritor Alves Redol do que o escritor ele-mesmo. Ela tinha um pequeno colégio e ele escrevia uns livros. Estava, na sociedade vila-franquense, num escalão abaixo.
Serve isto para dizer que um livro novo de poesia numa terra que pouco preza essa arte mínima, frágil e discreta é motivo de júbilo e de agradecimento. São cinco os obrigados.
Obrigado à Editora Padrões Culturais que arriscou fazer um livro daquilo que era apenas um amontoado de folhas A4 com poemas antigos alguns saídos de livros esgotados e outros tão modernos que ainda estão inéditos.
Obrigado aos Leões de Portugal, direcção e colaboradoras, pelo empenho e pelo entusiasmo colocados nesta organização do lançamento de um livro de um seu associado.
Obrigado ao Jornal Sporting que em Agosto de 1988 me recebeu para, como simples colaborador, dar início a uma das colunas semanais mais antigas da Imprensa Portuguesa – «As palavras em jogo». E que em Janeiro de 1997 me recebeu como redactor a tempo inteiro proporcionando-me um contacto permanente com a realidade do Universo Sporting. Desde os fins de semana alucinantes com as festas dos Núcleos Sportinguistas seguindo figuras leoninas como José Roquete, Dias da Cunha, Isabel Trigo de Mira ou Menezes Rodrigues até as reportagens em Itália, nos Açores, na Madeira e em todas as localidades onde as equipas jovens do Sporting disputam os seus jogos de futebol.
Obrigado a todas as figuras, presentes e ausentes, que ao longo destes 25 anos me motivaram a escrever os poemas deste livro nesse acto obscuro e secreto que, tal como a oração, tenta juntar de novo dois mundos separados pela morte, pelas sombras e pelo esquecimento.
Obrigado por fim a todos os que, na mesa e na plateia, voltando costas a outras solicitações talvez mais lucrativas, aqui quiseram estar presentes para celebrar este novo livro que, como um navio, carrega no seu porão a carga de 25 anos de trabalho.
Realizei o meu sonho de criança quando na minha aldeia natal (Santa Catarina) ia atrás do carteiro para ler em primeira mão o jornal do Sporting logo que a D. Teresa ou o senhor Josué lhe cortassem a cinta de papel que o envolvia. Por isso também , por isso tudo, muito obrigado a todos. Valeu a pena.
Viva a Poesia! Viva o Desporto! Viva o Sporting! José do Carmo Francisco
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