Luís de Camões (1524-1580) em «Os Lusíadas»
refere-se a Alenquer («Pátria minha Alenquer») e a Santarém («cujo campo
ameno / Tu, claro Tejo, regas tão sereno») e já na «Crónica Geral de
Espanha» de 1344 (fixação de Leite de Vasconcelos) se informa seu lugar,
sua terra e seu castelo («non há logar per honde o passam combater») mas
só em 1937 nasce a Província do Ribatejo – 21 concelhos de Ferreira do
Zêzere a Vila Franca de Xira, de Rio Maior a Ponte de Sôr. Se a este
mapa juntarmos o do distrito de Santarém, temos uma ideia do horizonte
possível para este inventário provisório da Literatura no Ribatejo.
Começo por referir um
pormenor pessoal. Nascido embora na Estremadura em 1951 (Santa Catarina
– Caldas da Rainha), vivi perto do Tejo no Montijo de 1957 a 1960
(Escola Primária) e em Vila Franca de Xira de 1961 a 1966 (Curso Geral
do Comércio) além de ter colaborado no jornal «O Ribatejo» e de ter
trabalhado na redacção do jornal «O Mirante» em Santarém de 1997 a 2001.
Ainda hoje em Lisboa tenho o Tejo à distância de uma janela aberta. O
motivo que me levou a aceitar o convite do Fórum Ribatejo para organizar
este inventário sobre
Ribatejo e Literatura
tem a ver com o facto de a minha primeira
colaboração em 1978 no «Diário Popular» ter sido um poema dedicado a Ruy
Belo (1933-1978), autor nascido em São João da Ribeira e que, mesmo
sendo um poeta do Mundo cuja obra está reunida em «Todos os poemas» de
2000, começou por publicar no jornal «O Mocho» do Liceu Sá da Bandeira
de Santarém. A carteira profissional nº 4149 de Jornalista não me dá
especiais habilitações para esta tarefa mas não podia dizer
não
a este convite. Poemas meus figuram em «O Tejo e a margem sul na poesia
portuguesa» de João Carlos Pereira (Câmara Municipal do Seixal).
Depois de Ruy Belo o
inventário segue com a reedição de «Alguns contos» de Carlos Pato
(1920-1950),natural de São João dos Montes. Em apenas três narrativas
breves, está todo o Mundo Ribatejano – a Charneca, a Lezíria e o Bairro.
Cada conto tem a sua geografia e os seus protagonistas. O prefácio da
presente dição é assinado por José Casanova. Não por acaso coube a Alves
Redol (1911-1969) prefaciar em 1951 o livro de Carlos Pato que se
esgotou num ápice. Alves Redol nasceu em Vila Franca de Xira e o seu
primeiro livro foi em 1938 um ensaio de raiz antropológica - «Glória –
uma aldeia do Ribatejo» antes de «Gaibéus» de 1939 e de «Marés»,
«Avieiros» e «Fanga». O recente centenário do seu nascimento
possibilitou à editora Caminho a sucessiva reedição das suas obras com
novas capas e moderno grafismo.
O Museu do Neo-Realismo
inaugurado já no século XXI (20-10-2007) na cidade de Vila Franca de
Xira tem sido o local privilegiado para apresentação de livros e
encontro de estudiosos da obra dos escritores desta corrente de
Literatura. Os tempos que correm no momento da escrita deste inventário
trazem no seu bojo algo de terrível – o governo da coligação PSD/CDS,
não podendo desvalorizar a moeda, tem desvalorizado a vida de quem
trabalha e as praças da jorna estão mais vivas do que nunca embora
tenham saltado das ruas das aldeias ribatejanas para os écrans dos
computadores. Cada «CV» enviado sem obter resposta é um patrão que passa
ao lado de um trabalhador rural depois de o ter rejeitado para o
trabalho no campo. Nesse sentido o Neo-Realismo está cada vez mais
actual e não por acaso a ensaísta Maria Alzira Seixo, natural do
Barreiro (1941) mas vivendo na Moita do Ribatejo até 1966, ainda há
pouco tempo se referiu em Vila Franca de Xira a essa emergente
realidade. Criadora da Associação Portuguesa de Literatura Comparada
(1987), tinha presidido ao Centro Português da AICL em 1984. Além de
estudos muito diversos sobre autores do século XX como António Lobo
Antunes, Vergílio Ferreira e José Saramago -«O essencial sobre José
Saramago» de 1987 - Maria Alzira Seixo é autora de dois livros de
poemas: «Letra da Terra» de 1983 e «Diário do Lago» de 2002.
Um poeta que tem o Tejo muito presente na sua
escrita, também tal como a anterior, na margem esquerda do rio, é
Joaquim Pessoa (Barreiro, 1948) que desde 1975 («O pássaro no espelho»)
publica uma poesia de amor e de combate e recebeu o prémio de Poesia da
APE em 1981 para «O livro da noite».
Joaquim
António Emídio (Chamusca, 1955) é autor de uma obra poética com 12
livros de 1983 a 2009 e criou no jornal «O Mirante» a colecção de poesia
«Alma Nova» que tem divulgado Guilherme de Azevedo, António Ramos Rosa,
João Rui de Sousa, Amadeu Baptista, Luís de Miranda Rocha e Pedro da
Silveira – entre outros.
Natural do Vale de Santarém
(1972) o poeta Manuel de Freitas publica regularmente desde 2000 («Todos
contentes e eu também»), escreveu ensaios e organizou antologias
enquanto dirige a colecção de poesia «Averno».
José Saramago (1922-2010) nasceu na Azinhaga e
tem como romances mais emblemáticos o «Levantado do chão» (1982) e o
«Memorial do convento» (1983). O primeiro homenageia dois camponeses
assassinados em Montemor-o-Novo pela PIDE no quartel da GNR – José
Adelino dos Santos e Germano Vidigal. A geografia do primeiro (Lavre)
está na fronteira do Ribatejo com o Alentejo mas o conflito entre quem
tem a posse da terra e quem apenas possui a força dos seus braços é um
conflito de contornos e desenho universal. Já em «Memorial do convento»
é a construção do grande edifício de Mafra (Estremadura) que movimenta e
articula a história. Outro livro muito popular do único Prémio Nobel da
Literatura português (1998) é «O ano da morte de Ricardo Reis» e tem
como pano de fundo a cidade de Lisboa cuja relação com o Tejo é relativa
ao seu estuário, o «Mar da Palha».
José Luís Peixoto nasceu em Galveias (1974),
estreou-se no «D.N. Jovem» e publicou o comovente «Morreste-me» em 2000.
Recebeu o Prémio José Saramago em 2001 com «Nenhum olhar» e nos livros
posteriores – como «Cal» e «Cemitério de Pianos» - a sua literatura faz
o milagre: mistura medo, culpa e arrependimento numa mesma memória
confusa que salta do coração dos homens para as páginas dos livros.
António José Forte, natural da Póvoa de Santa
Iria (1931-1988), foi bibliotecário da Fundação Gulbenkian e tem como
livros de referência «Uma faca nos dentes» de 1983 e «Corpo de ninguém»
de 1989. Para Herberto Hélder «a sua poesia, como toda a poesia
verdadeira possui apenas a sua tradição».
Julião Bernardes nasceu nas
Lapas (Torres Novas) em 1939 e é poeta, ficcionista e tradutor. Seu
primeiro livro de poesia foi «Sombras de Pessoa(s)» de 1991 e publicou
em 1999 «Lapas – Vivências da Juventude». Colabora na Revista de Poesia
«Álamo» de Salamanca.
Manuel Simões nasceu em
Jamprestes (Ferreira do Zêzere) no ano de 1933. Poeta, tradutor,
ensaísta e professor em Itália de língua e literatura portuguesa (Bari e
Veneza) de 1971 a 2003. Criou com Júlio Estudante a editora «Nova
Realidade» em Tomar em 1966 e organizou com Carlos Loures as antologias
«Hiroxima», «Vietname» e Poemabril». Alguns livros de poesia: «Crónica
breve» de 1971, «Canto Mediterrâneo» de 1987, «Errâncias» de 1998 e
«Micromundos» de 2005. Publicou ensaios sobre a Literatura de Viagens,
Gil Vicente, Garcia Lorca, Manuel da Fonseca e Guilherme de Azevedo.
Traduziu do italiano obras de Pasolini, Montale, Quasímodo e Tiziano
Rossi.
José Ceitil nasceu em Vila
Franca de Xira (1947) tendo iniciado a militância cívica os 15 anos na
Secção Cultural da UDV e fundado o Cineclube Vilafranquense. Participou
na organização da Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine (sua
profissão durante 36 anos), estuda Antropologia no ISCTE e publicou
quatro livros: «Vidas simples, pensamentos elevados» em 2007, «Sejam
felizes!» em 2008, «Clube de Futebol Os Belenenses – 90 anos de
História» em 2009 e «Dona Berta de Bissau» em 2012.
José Quitério (Tomar, 1942) é um reputado
jornalista na área da gastronomia e autor de vários livros sobre o mesmo
assunto. «Livro de bem Comer» (1987), «Histórias e Curiosidades
Gastronómicas» (1992) e «Comer em Português» (1997) antecedem
«Escritores à Mesa» (2010) numa homenagem «sobretudo aos escritores que
nem por serem dos maiores deixaram de tratar de um tema que muitos
letrados enfadados (e enfadonhos) consideram matéria menor ou mesmo
abominável».
José Antunes Ribeiro, poeta, editor e livreiro,
vem de Alburitel (1942) e está ligado à criação de editoras como a ITAU,
a Assírio & Alvim, a Ulmeiro e a Fólio Exemplar. Publicou «Mar a Mar»
(1981), «O difícil comércio das palavras» (1984), «Fragmento e Enigma»
(1985) e «Todos os livros, diz ele» (1999). O primeiro livro da série
«cadernos peninsulares» da Assírio & Alvim (fundada por José Ribeiro) é
«Sala Hipóstila» de José-Alberto Marques (Torres Novas) que nasceu em
1939 e também publicou um livro («Nuvens, no vale») na editora Ulmeiro.
Ligado à Poesia Experimental (editou uma antologia em 1973) a sua
actividade reparte-se pela poesia, pela ficção e pela escrita
infanto-juvenil. O seu primeiro livro é de 1964 («A face do tempo»)
seguindo-se «Hoje, mas» em 1967 sendo um dos mais recentes «Histórias de
coisas» (2008). Para o público infantil são conhecidos «A gramática a
rimar» de 1989 e «Cartas a um jovem antes de ser poeta» de 2002.
Carlos Vale Ferraz nasceu
(1946) em Vila Nova da Barquinha e desde até hoje publicou 8 livros de
ficção. Começou com «Nó cego» (1983), «ASP- de passo trocado» (1985) e
Soldadó (1988). Seguiu-se «Os lobos não usam coleira» (1995), «O livro
das maravilhas» (1999) e «Flamingos dourados» (2004). Os mais recentes
são «Fala-me de África» (2007) e «Basta-me viver» (2010).
Marcelino Mesquita
(1856-1919) que nasceu no Cartaxo foi dramaturgo, jornalista, poeta e
ficcionista. Formado em Medicina em Lisboa, voltou ao Cartaxo em 1886
para comprar uma tipografia e um jornal («O Povo do Cartaxo»)
mudando-lhe o nome para «O Cronista» mas em 1888 vendeu tudo e regressou
a Lisboa para fundar «A comédia portuguesa». Publicou, entre outras, as
peças «Leonor Teles», «O regresso», «O sonho da Índia», «Pedro o cruel»
e «Peraltas e Sécias». Além da sua tragédia «Envelhecer», outras peças
conheceram o êxito já no século XX como «Pérola», «O velho tema»,
«Sempre noiva» e «Almas doentes». Em 1881 publicou «As Meridionais»
(poesia) e o volume de contos «Na azenha» onde figura «A desforra do
maioral» - o seu conto mais conhecido e antologiado.
José Brás nasceu (1943) em Pereiro de Palhacana
(Alenquer) e cumpriu o serviço militar na Guiné (1965-1968) tendo o seu
livro «Vindimas no capim» (1986) recebido o prémio Revelação da
Associação Portuguesa de Escritores. Publicou ainda «Lugares de
passagem» em 2010.
José Cid nasceu na Chamusca
(1942), viveu em Coimbra onde fundou a sua primeira banda e em Lisboa
criou o Quarteto 1111 cujo 1º LP em 1970 se referia à Guerra Colonial.
Como por exemplo em «Lenda de Nambuangongo» que começa «Ao norte de
Angola / há altas montanhas / que guardam um tesouro / nas suas
entranhas». Está representado na «Antologia da Memória Poética da Guerra
Colonial» - edição da Afrontamento (Porto).
Mário Rui Silvestre nasceu em Pernes. Poeta,
ficcionista, historiador e dramaturgo, assinou em 1994 o livro de contos
«Do rio à margem» e em 1997 o romance «Para a morte não ter razão».
Segue-se em 2005 o ensaio «As gloriosas máquinas do pão» e, a seguir,
«Santarém – os homens e a cidade à época dos Descobrimentos». Na área da
Poesia publicou em 2001 «Ribaterra», em 2003 «Caosmologia» com prefácio
de Vasco Graça Moura e em 2008 «Tudo bem em Santarém e outros poemas
menores» num excelente itinerário poético por cidades, vilas e aldeias
ribatejanas.
José Casanova nasceu no
Couço (1939), dirige o Jornal «Avante!» desde 1997 e é autor dos livros
de ficção «O caminho das aves» (2002), «Aquela noite de Natal» (2005) e
«O tempo das Giestas» (2007). Para crianças escreveu «Três histórias de
flores no jardim de Catarina» (1975) e é autor dos livros de poesia «Os
poemas da minha vida» (2006) e «Maio, trabalho e luta» (2010). Prefaciou
obras de Álvaro Cunhal, António Galamba, José Magro e António Gervásio
alem do já referido Carlos Pato e de Domingos Lobo.
António Veríssimo nasceu no Montijo (1947) e
publicou «Estrada da vida» (2002), «Lince de có» (2003) e «Diversos»
(2004) nis quais refere a sua experiência na Guerra Colonial para onde
foi mobilizado entre 1968 e 1970.
Domingos Lobo, tendo
nascido em Nagosela (1946) está há muito radicado no Ribatejo; é
programador cultural da Câmara de Benavente. Poeta, ficcionista,
dramaturgo e ensaísta, foi chefe de redacção do
Jornal
Vale do Tejo. Autor dos romances
«Os navios negreiros não sobem o Cuando» (2000) e «Pés nus na água fria»
(2011) com prefácio de José Casanova e dos livros de contos «As lágrimas
dos vivos» e «Território inimigo» (2009). Em 2012 publicou «Para guardar
o fogo» com o poema «Ruy Belo nas Portas do Sol olhando os pássaros»
Júlio Mira nasceu no Seixal
(1944) e foi mobilizado para Angola entre 1967 e 1969. Publicou o livro
de poemas «Este mar que arde» (2003) e «Éramos todos bons rapazes»
(2006) - este a partir da sua experiência na Guerra Colonial.
Natércia Freire (1919-2004) foi poeta,
ficcionista, tradutora e jornalista. Nasceu em Benavente e dirigiu
durante 20 anos o suplemento de Artes e Letras do Diário de Notícias.
Estreou-se em 1938 com «Castelos de Sonho» e «Meu caminho e luz» em
1939. A sua poesia está reunida em 2 volumes - «Obra poética». O seu
livro de prosa «Infância de que nasci» de 1955 recebeu o prémio Ricardo
Malheiros e aos poemas de «Os intrusos» foi atribuído em 1971 o prémio
Nacional de Poesia. Em 1978 publicou «Liberdade solar». Sobre a sua obra
Pedro Sena-Lino (n.1977) publicou em 2000 «Natércia Freire», um ensaio
crítico-biográfico, edição da Câmara Municipal de Benavente.
Maria da Graça Freire
(1918-1993) nasceu em Porto de Muge – Benavente. Começou por assinar
Maria da Graça Azambuja em «As estrelas moram longe» (1946), em «A
primeira viagem» (1951) que recebeu o prémio Ricardo Malheiros, em
«Bárbara Casanova» (1954) e em «A terra foi-lhe negada» (1958) que teve
o prémio Eça da Queirós. Colaborou também na Revista «Viver» entre 1953
e 1954. A sua vivência em Angola teve efeito no seu ensaio «Portugueses
e negritude» de 1971. É autora de «Os deuses não respondem» (contos –
1959) e de Inventário (poesia – 1982). Sobre a sua obra Pedro Sena-Lino
(n.1977) publicou em 2003 «Só a viagem responde», edição da Câmara
Municipal de Benavente.
Nuno Fisher Lopes Pires,
natural de Santarém
(1930-2013))
foi um dos oficiais do «25 de Abril» tendo trabalhado com Melo Antunes
no Programa do MFA. É co-autor de «A fita do tempo da Revolução: a noite
que mudou Portugal» de 2004.
Sá Flores nasceu no ano de 1939 em Águas Belas -
Ferreira do Zêzere. Poeta, ficcionista e dramaturgo, perdeu a visão em
Moçambique na Guerra Colonial. A sua obra integra «Vivências no capim»
(1989), «Viúvos de guerra» (1991) e a peça de teatro «Ira dos usados»
(1998).
Adelaide Félix (1896-1971) nasceu em Santarém e
foi aluna de Teófilo Braga na Universidade de Lisboa. Estreou-se em 1919
com o romance «Hora de Instinto», seguindo-se em 1921 o livro de contos
«Miragens torvas». Em 1926 nos contos de «Personae» o primeiro trabalho
intitula-se «Ribatejo»; segue-se em 1936 «O grito da terra» e em 1963
«Um seixo na corrente» envolvendo gentes, paisagens e costumes da borda
d´água.
Álvaro Guerra (1936-2002)
nasceu em Vila Franca de Xira e estreou-se em 1967 com «Os mastins».
Seguiu-se «Disfarce» (1969), «A lebre» (1970), «Memória» (1971),
«Capitão Nemo e Eu» (1973), «Café República» (1982), «Café Central»
(1984), «Café´25 de Abril» (1984), «Crimes imperfeitos» (1990), «Razões
de coração» (1991), «A guerra civil» (1993), «Esboços para uma
tauromaquia» (1994), «Crónicas Jugoslavas» - grande prémio da Crónica da
APE (1996) e «No jardim das paixões extintas» (2002).Mobilizado na
guerra colonial entre 1961 e 1963, foi jornalista, director da RTP e
mais tarde embaixador de Portugal na Jugoslávia, na Índia, no Zaire, na
Suécia e em Estrasburgo. A
Vila Velha
dos livros é Vila Franca de facto.
Ângela Sarmento (1927)
nasceu em Lisboa mas fixou-se em Salvaterra de Magos em 1960. O seu nome
civil é Maria Teresa Guerra Bastos Gonçalves, foi discípula de Raquel
Roque Gameiro, fez ballet e
estudou música. Irmã da escritora Isabel da Nóbrega, publicou em 1961 o
romance «A árvore», a história de uma família, em 1987 «A beira da
estrada» e em 2002 «A hora da verdade» todas de ambiente ribatejano.
António Borga (1905-1974) nasceu nas Lapas
(Torres Novas) e aos 16 anos alistou-se na Marinha de Guerra e parte
para Macau. Regressa a Torres Novas em 1936 mas é preso em Caxias (1941)
e julgado no Tribunal de S. Clara (1942). Ganha o primerio prémio dos
Jogos Florais da Feira do Ribatejo em 1961 com o conto «Os Bogas». Além
de ter participado no livro colectivo «Histórias breves de escritores
ribatejanos» é autor dos seguintes livros: «Noite revelada» (1960),
«Ainda é ontem» (1962) e «O comboio da madrugada» (1964).
Jacinto Martins (1917-2003) nasceu em Alpiarça e
como militante comunista esteve preso pela PIDE de 1959 a 1964.
Colaborou no jornal Diário Popular e na revista Vértice. Actor e
encenador, fundou a cooperativa de teatro «Ribalta». Publicou nos anos
60 o livro «Carreiro de gente» (retirado do mercado) e participou no
volume colectivo «Histórias breves de escritores ribatejanos» (1968)
Jorge Reis (1926-2005) nasceu em Vila Franca de
Xira mas em 1948 partiu para França onde foi jornalista na televisão e
na rádio. Continuou a colaborar na revista «Vértice» e no jornal «Diário
de Lisboa». Em Paris foi amigo de F. Mauriac, A. Malraux e Jean Moulin.
É autor de «Matai-vos uns aos outros» (1962) que foi Prémio Camilo
Castelo Branco, de «Aquilino em Paris» (1988) e de «A memória
resguardada» (1990).
Júlio Graça (1923-2000) nasceu em Alhandra e
estreou-se com o livro de poemas «Lezíria» em 1952. Seguiu-se «Mosaico»
(contos) e o romance «Buza» em 1954. Continuou com «O salário de Judas»
(1955) e «Um palmo de terra» (1959). «A espada e o coração» de 1962
(contos) antecede novo livro de poemas - «Banquete do deserdado».
Segue-se «A voz das sereias» (1968), «Operários falam» (1973),
«Histórias da prisão» (1975), «Ciclo do Preste João» (1985), «A lenda do
Paraíso» (1989), «De búzio no ouvido» (1996) e «Crónica de Libertação da
Etiópia» (2003). Publicou colaboração nas revistas «Seara Nova» e
«Vértice».
Mário Ventura (1936-2006)
nasceu em Santarém, originário de uma família de S. Vicente do Paúl e
com quinze anos já colaborava nos jornais «Vida Ribatejana» e «Correio
do Ribatejo».
Tornou-se jornalista profissional nos
anos 60, trabalhou no Diário Popular, Diário de Notícias, Seara Nova,
Extra e Europa Press, foi presidente do Festival de Cinema de Tróia e da
direcção da Associação
Portuguesa de Escritores. É esta a lista de livros de sua autoria: «A
noite da vergonha» (1963), «À sombra das árvores mortas» (1966), «O
despojo dos insensatos» (1968), «Alentejo desencantado» (1969), «Morrer
em Portugal» (1979), «Outro tempo, outra cidade» (1980), «Vida e morte
dos Santiagos» (1985), «Março desavindo» (1987), «Évora e os dias da
guerra» (1991, «A revolta dos herdeiros» (1997), «O segredo de Miguel
Zuzarte» (1999), «Quarto crescente» (2001), «Portugal, geografia do
fatalismo» (2001), «Atravessando o deserto» (2002) e «O reino encantado»
(2005). Participou em 1968 no colectivo «Histórias breves de escritores
ribatejanos» e assinou «Conversas» em 1986 entrevistando diversos
escritores entre os quais José Saramago, natural da Azinhaga – Golegã.
Severiano Falcão (1923-2004) nasceu em Alhandra e
começou por participar com o conto «Sonho e realidade» no volume
«Histórias breves de Escritores Ribatejanos» de 1968. Foi presidente da
Câmara Municipal de Loures entre 1980 e 1990.
Mário Rui Cordeiro nasceu
em Santa Margarida e veio para Abrantes em 1952. Estudou no colégio La
Salle e na Escola Comercial e Industrial. Colaborou nos jornais
«República» e »Diário de Lisboa – Juvenil». Viveu em Bruxelas e Paris de
1971 a 1975. Regressou a Portugal em 1976. Publicou na editora Ulmeiro o
livro «A nau eléctrica» com apresentação de Miguel Serras Pereira.
Miguel Serras Pereira
nasceu no Porto (1949) mas reside no Ribatejo há muitos anos. Poeta,
tradutor e ensaísta. Organizou e participou no Festival do Imaginário da
Associação Palha de Abrantes em 1996 e 1999 reunindo personalidades como
Eduardo Lourenço, Pedro Tamen, Maria Velho da Costa e Almeida Faria.
Licenciado em História (1986) pela Universidade Nova de Lisboa. Foi
professor no ISLA de Santarém de 1993 a 1997 voltando em 2000 à mesma
Escola. Foi jornalista no jornal A Capital e na revista Vida Mundial
tendo sido director de A Ideia – Revista Libertária. Escreve no Blog
Vias de Facto. Colaborou em jornais e revistas como: Expresso, Público,
J.L., Diário de Notícias, Ler e Colóquio-Letras. Traduziu entre outros
autores como Bergson, Simenon, Cocteau, Proust, Blanchot, Virgínia
Woolf, George Steiner e Derrida. Venceu o prémio de Poesia Almeida
Garret no Porto em 1969 e á autor dos seguintes livros. «Inumerações»,
«O mar a bordo do último navio», «Poema em branco», «Da língua de
ninguém à praça da palavra» e «Trinta embarcações para regressar
devagar». Em 1979 publicou «Novas bárbaras» com Maria Regina Louro.
Maria Regina Louro nasceu
em Casal das Ferrarias - Mouriscas (1948). É escritora, jornalista e
tradutora. Traduziu entre outros autores M. Blanchot, Giles Lipovetsky,
Pablo de Santis, Carmen Posadas e Rosa Montero. Como jornalista
trabalhou em Macau, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. É co-autora de «Um
olhar português» editada pelo Círculo de Leitores com um texto sobre o
Minho. Escreveu nos jornais Diário de Lisboa, J.L., Expresso e Público.
É autora dos seguintes livros: «Novas bárbaras» (1979) com Miguel Serras
Pereira, «País de Lesbos» (1981), «Apocalipse» (1982), «Sapos vivos e
outros monstros» (1984), «Objectos sexuais no espaço» (1984), «Que pena
ela não se chamar Maria» (1985), «Baixo Alentejo» (1989), «À sombra das
altas torres do Bugio» (1994), «Faróis de Portugal» (1995) com João
Francisco Vilhena e «Terras Portuguesas» das edições INAPA sobre fotos
de Clara Azevedo e Lúcia Vasconcelos.
José Amaro (1916-1976) médico e escritor, nasceu
em Lisboa originário de uma família ribatejana; Almeirim foi a terra de
sua mãe. Colaborou nos jornais «O Almeirinense», «O Vale do Tejo», «Vida
Ribatejana», «Diário do Ribatejo», «Correio do Ribatejo», «O Sorraia» e
nas revistas «Olisipo» e «Revista Municipal» de Lisboa. No referido
jornal de Almeirim participou nas edições especiais do Natal de 1965 e
do Ano Novo de 1967. É autor dos seguintes livros: «O Zé Carrapato»
(1964), «Cancioneiro almeirante» (1965), «Da serra à planície» (1967),
«Variações sobre o Fado» (1967), «Redondilha maior» (1971), «Contos do
Ribatejo» (1972) e «Cartas de um moinho saloio» (1974). Admirado no meio
fadista de Lisboa como «o médico de todos os fadistas», foi por diversas
vezes homenageado por (entre outros) Alfredo Marceneiro, Amália
Rodrigues, Raúl Nery, Joaquim Cordeiro e Filipe Pinto.
Henrique Nicolau
(1941-2012) nasceu na Pocariça (Alenquer) e usou o nome de António
Damião no cinema e seu livro «Na boca da infância» de 1988. Realizou o
filme «Talvez amanhã» (1969) e o programa de televisão «Ensaio» tendo
trabalhado com António Macedo, José Fonseca e Costa, António Cunha
Teles, Pierre Kast, Ruy Guerra e José Pedro Andrade Santos. É autor dos
seguintes livros: «O trabalho é sagrado» (1985 –Prémio Policial Editora
Caminho)
«A escola da verdade» (1986), «Alcança
quem não cansa» (19887), «A arca do crime» (1988), «O assombrado»
(1988), «Uma vida em beleza» (1990), «Todos e nenhum» (1991–Prémio
Repórter X), «Autópsia de um desatino» (1992), «O meu nome já se foi»
(1992) e «A alpista do canário» (1993).
José Niza (1938-2011)
nasceu em Lisboa mas está ligado a Santarém desde os 6 anos. Médico,
compositor, produtor musical, deputado, é autor da letra de «E depois do
adeus», melodia tocada pela Banda da Gançaria no seu funeral em
Santarém. Autor de mais de 300 canções, produziu discos de José Afonso e
Adriano Correia de Oliveira, foi mobilizado para a Guerra Colonial, foi
director da RTP e esteve ligado à criação do Serviço Nacional de Saúde.
É autor de «Poemas de guerra» (2008) e de «Golden Gate – um quase diário
de guerra» (2012).
Soledade Martinho Costa
(1937) nasceu em Lisboa mas fixou-se em Alverca do Ribatejo ainda
criança. Colaborou em jornais e revistas: Diário de Lisboa, Expresso e O
Jornal da Educação. No livro «Inquérito ao livro infantil» de 1980
entrevistou (entre outros) Sophia de Mello Breyner Andresen, Ilse Losa,
Manuel António Pina, Luísa Ducla Soares, Maria Lúcia Namorado, Adolfo
Simões Müller, Alice Gomes, Maria Cecília Correia, Madalena Gomes e
Manuel Ferreira. Publicou a peça de teatro «O Canteiro vaidoso» (1977) e
os livros de poemas «Reduto» (1973), «A palavra nua» (1982) e «15 poemas
do sol e da cal» (1987). Para crianças publicou (entre outros) «Vamos
adivinhar animais» (1975), «O gato dos bigodes» (1976), «Vamos adivinhar
profissões» (1976), Conversa da bicharada» (1977), «Vamos adivinhar
frutos» (1978), «Um-dó-li-tá» (1979), Vamos adivinhar figuras célebres»
(1985) e «Seis histórias numa história de todas as cores» (1986).
Eduardo Bento (1944) nasceu em Abrantes e vive em
Torres Novas onde foi director do jornal «O Almonda». Licenciado em
Filosofia e com um mestrado em Ciências da Educação, foi professor,
colabora em jornais e revistas como Seara Nova, Quid Novi ou Nova
Augusta e tem feito encenação teatral na região ribatejana. É autor de
peças de teatro («Nesta Torre», «A caixa de Pandora», «O auto do lume
brando»), de um livro de prosa («O olhar que procura um barco») e de
dois livros de poesia - «O nevoeiro dos dias» e «A casa já não abriga
vozes».
José Brites (1945) nasceu
em Alcorochel, terminou o Curso Industrial em 1963, foi mecânico de
aviões em Portugal e emigrou para os EUA em 1970. Colaborou em jornais
(«O Almonda», «O Riabtejo») e revistas como «Peregrinação». É autor dos
seguintes livros de poesia: «Poemas sem poesia» (1975, «Imigramar»
(1983) e «25 anos de Poesia» (1995). Publicou também «Imigramentes»
(1984), «Estória para a História de Alcorochel» (1994), «Do Ribatejo ao
Além-Tejo» (1998) e «Da casa para o Inferno».
Pedro Silva Sena (1975) nasceu em Lisboa mas a
sua vida tem sido passada em Almeirim. Poeta e antropólogo, estreou-se
com «Cancioneiro do absurdo» em 1999. Seguiu-se «Monumentos» (2011) e
«Livro de reclamações e rebuçados a avulso» (2012). Tem estudado a
figura do «Campino» no Ribatejo em trabalhos publicados pela Fundação da
Juventude em 1997, no Suplemento Açoriano de Cultura nº 89 em 1999
(Ponta Delgada) e no Congresso Internacional de Estudos Interculturais
(2008). No seu estudo recorda os textos de Almeida Garrett, Alexandre
Herculano, João Salvador Marques da Silva, Ramalho Ortigão, Oliveira
Martins, Fialho de Almeida, Marcelino Mesquita, Alberto Pimentel,
Orlando Ribeiro e Francisco Câncio.
Francisco Câncio
(1903-1973), professor natural de Alhandra, dirigiu um colégio em Vila
Franca de Xira, colaborou nos jornais «Vida Ribatejana» e «Correio do
Ribatejo». Licenciado em Direito e em Histórico-Filosóficas pela
Universidade de Lisboa. Sobre temas ribatejanos publicou «Ribatejo» em
1929, com nova edição em 1936, «Ribatejo Histórico e Monumental» (1939)
em 3 volumes, «Contos Ribatejanos» (1940), «Festa brava» (1941),
«Subsídios para a história económica do Ribatejo» (1944), «Ribatejo
lendário e pitoresco» (1946), «O Ribatejo e as festas centenárias de
Lisboa» (1947), «Ribatejo casos e tradições» (1948), «Notas de um
ribatejano» (1956) e «Tempos idos» (1957).
Sebastião da Gama (1924-1952) viu os seus
primeiros poemas, ainda assinados como «Zé d´Anicha», editados em 1940
no jornal «Gazeta do Sul» publicado no Montijo. O chefe de redacção,
Augusto Barbosa, percebeu de imediato a qualidade da sua poesia e
ordenou: «Ponha-me isto em normando e em lugar destacado no jornal!».
Mesmo depois do seu livro inicial («Serra-Mãe») continuou ligado ao
jornal que no Montijo lhe publicou os primeiros versos.
Júlio Dantas (1876-1962) no
livro «Pátria Portuguesa» (1914) refere o Ribatejo no conto «O Tambor».
Passada em 1814, é a história do filho do ferrador de Manique do
Intendente. Fugiu com a Legião Portuguesa de Napoleão aos 13 anos e
escreveu-lhe três cartas: de Burgos, de Baiona e de Wagram. Miguel
Moirisca, da Azambuja, vai trazer ao velho pai a história do heroísmo do
seu filho de Saragoça até à Rússia, sob comando alheio, para morrer em
Rutzendorf crivado de balas. O Duque de Reggio colocou no corpo do jovem
tambor português a sua capa de marechal mas Napoleão deu-lhe a Legião de
Honra. Por intermédio de Miguel Moirisca a cruz veio parar a Manique do
Intendente, às mãos do velho ferrador ribatejano.
Motta Cabral (1889-1959)
nasceu na Azambuja e faleceu em Valada tendo sido médico dos Hospitais
Civis de Lisboa e subdelegado de saúde na Azambuja. O seu curso de
Medicina teve o apoio de uma bolsa do benemérito azambujense Cândido
António Carvalho Abreu. Poeta e escritor, esteve no I Congresso do
Ribatejo com a tese «Toiradas na região ribatejana». Em 1914 publicou
«Noite de sonhos» (poesia) seguindo-se as crónicas «Quadros ribatejanos»
(1920), «Ao sol – notas de um ribatejano» e «À vara larga – notas de um
ribatejano» em 1928. Em 2-12-1956 publicou no «Notícias do Cartaxo» um
trabalho sobre Marcelino Mesquita.
Álvaro Valente (1886-1965) nasceu no Montijo e
sobre a sua trajectória pessoal Artur Vaz publicou em 2010 o livro
«Álvaro Valente – o homem e a obra», edição da Câmara Municipal do
Montijo. É autor de «Daqui fala o Ribatejo» (19429 e «Pedaços deste
Ribatejo» (1948).
Maria Lamas (1893-1983) foi escritora,
jornalista, tradutora e conferencista. Nasceu em Torres Novas onde
estudou num colégio de religiosas. O nome que usou mais (Lamas) provém
do segundo casamento com Alfredo Lamas em 1921 ma usou também o
pseudónimo de Rosa Silvestre (1923-1935). Dirigiu a revista Modas e
Bordados até 1947 e a revista Mulheres de 1978 a 1983. Como jornalista
publicou trabalhos em O Século, Diário de Lisboa e República além do
Correio da Manhã e A Voz. Era militante do PCP, viveu em Paris de 1962 a
1969 e recebeu em 1980 a Ordem da Liberdade. Os livros «As mulheres do
meu país» (1948-1950), «A mulher no Mundo» (1952-1953) e «Mitologia
Geral» (1972) são os seus livros mais conhecidos.
Pedro Canais (1962) nasceu em Torres Novas, viveu
no Brasil e regressou a Portugal para frequentar o curso de História da
Faculdade de Letras de Lisboa. Ligado alo mundo da publicidade e da TV,
o seu primeiro romance «A lenda de Martim Regos» (2009) foi galardoado
com o Prémio Primeira Obra do PEN Clube Português. O protagonista do seu
romance nasce no Ribatejo em 1453, foge para a Granada muçulmana na
adolescência e converte-se ao islamismo. Já com o nome de Abi Rial passa
por África, Egipto, Brasil, Veneza, Meca, Jerusalém e China para
escrever e deixar como herança os conhecimentos que adquiriu.
Irene Lisboa (1892-1958) nasceu em Arranhó
(Arruda dos Vinhos), estudou em Lisboa na Escola da Magistério Primário
e fez a pós-graduação pedagógica em Geneve, Paris e Bruxelas. Por
motivos políticos reformou-se em 1940 no Instituto de Alta Cultura. Sob
a direcção de Paula Morão a Editorial Presença tem publicado as suas
«Obras completas». Em «Começa uma vida» a autora recorda a quinta de
Monfalim onde viveu parte da infância: «Creio que me dava vaidade ver o
meu pai pagar aos homens do trabalho. A jorna de um homem eram doze
vinténs e os saloios desbarretavam-se para a receber.»
Rui Cacho (1932-2007) nasceu em Santarém e foi
colega de Ruy Belo no Sá da Bandeira sendo ambos colaboradores activos
do jornal «O mocho» dos alunos do Liceu. A amizade entre os dois levou a
que fossem vizinhos em Monte Abrão. Foi colaborador de diversos jornais
- «O Século», «República» e «Diário de Lisboa». Poeta e ficcionista, é
autor dos seguintes livros: «Funeral sem banzé» (1967), «O professor de
quotidiano» e «Conversa de um habitante» (ambos de 2000), «Anotações
poéticas» e «Livro por editar (ambos de 2001), «O escritor sem obra e
outros textos» e «Quotidiano anotado – tudo é aparente» este em
co-autoria com Julião Bernardes (ambos de 2004) e o póstumo «Crónicas do
passado e do presente» (2010).
Aurélio Lopes vive desde um
ano de idade no Vale de Santarém mas nasceu em Cunqueiros (Proença a
Nova) em 1954. Antropólogo e estudioso da cultura tradicional,
especialmente no que respeita à Antropologia do Simbólico, o seu
primeiro livro foi «A religião popular no Ribatejo» (1995) e o mais
recente é «O culto de Maria Coroada – Os santos custódios da Granja do
Tedo» (2012). Entre os dois registamos (entre outros) «O percurso de
selene», «Tempo de solstícios», «Vale de Santarém – o Bairro e a
Lezíria», «A face do caos», «Fertilidade e Labor na Lezíria ribatejana»,
«Devoção e poder nas festas do Espírito Santo», «A sagração da
Primavera» e «Videntes e confidentes». Além de comunicações a Congressos
e colaboração em jornais regionais, Aurélio Lopes publicou diversos
livros em colaboração com João Serrano e Bertino Coelho Martins.
Bertino Coelho Martins
nasceu nas Lapas (1927), dirigiu a Biblioteca de Santarém e como
musicólogo tem publicado inúmeros trabalhos sobre a música do Ribatejo
mas também memórias e contos. A lista dos seus livros consta de «Lapas –
história e tradições» (1991), «Cancioneiro da Romeira» (1994), «Músicas
e danças tradicionais do Ribatejo» (1997), «Vale de Santarém – o Bairro
e a Lezíria» (1999), «Coisas da nossa gente» (2000), «Os saberes e o
lúdico» e «Lapa – memórias e etnografia» (2001), «Pedaços de vida»
(2003) e, mais recentemente «Vale de Santarém – cancioneiro e tradição»
(2005), «Fandangos» (2005) e «Campinas» (2011) - estes três em
co-autoria com Aurélio Lopes.
João Monteiro Serrano nasceu em Alpiarça (1953) e
é autor com Aurélio Lopes dos livros «O enterro do galo» (2006) e «A
reconstrução do sagrado» (2009). Joaquim Veríssimo Serrão assinou o
prefácio do livro «O enterro do galo». João Serrano organizou as actas
do «Encontro Nacional da Cultura Avieira» (2010) e os «Cadernos
Culturais da A.I.D.I.A.» (2011).
Carlos Frias de Carvalho nasceu (1945) em Seiça
(Ourém) estudou em Tomar, Santarém e Lisboa e viveu cinco anos no exílio
(Paris) por ter recusado a guerra colonial. Segundo Bernardo Santareno
«é um poeta da terra» e estreou-se em 1978 com «Primeiro cântico»,
seguindo-se «Libertação do amor» (1979) e «Com armas e sonhos» (1980).
Na área da literatura infanto-juvenil assinou com Emerenciano «Barco de
papel» em 1998. Desenvolve a actividade de galerista em Lisboa e os mais
recentes livros são, desde 1997, «Vinte e cinco pétalas para Deborá»,
«Lugares do vento», «Ribatejo e além», «Luz da água» e «Compêndio de
enxertia».
Bernardo Santareno
(1920-1980) embora mais reconhecido como dramaturgo, publicou textos em
prosa («Nos mares do fim do Mundo» – 1959) e em poesia: «A morte na
raiz» (1954), «Romance do mar» (1955) e «Os olhos da víbora» (1957).
Nascido em Santarém, António Martinho do Rosário usou o pseudónimo de
Bernardo Santareno tendo a ssuas peças «O lugre» e «A promessa» nascido
da sua vivência de médico nos navios de pesca do bacalhau: David
Melgueiro,
Senhora do Mar e Gil Eanes. Outras
peças que marcaram a sua obra foram «O crime da aldeia velha» (1959), «A
traição do padre Martinho» (1969) e «Português, escritor, 45 anos de
idade» (1974). A sua peça «O punho» foi publicada (edição póstumo) em
1987.
Com introdução, selecção e notas de Natércia
Freire a «Antologia da Terra Portuguesa» dedicada ao Ribatejo (edição
Livraria Bertrand) inclui textos de Francisco Rodrigues Lobo
(1579-1622), Almeida Garrett (1799-1854) com as suas «Viagens»,
Alexandre Herculano (1810-1877), Rebelo da Silva (1822-1871), Bulhão
Pato (1829-1912), Ramalho Ortigão (1836-1915) com as suas «Farpas» e
Xavier da Cunha (1840-1920) com o «Álbum de costumes portugueses».
Segue-se Zeferino Brandão (1842-1910) com «Monumentos e Lendas de
Santarém», as «Cartas peninsulares» de Oliveira Martins (1845-1894),
João Carlos Henriques (1846-1911) com «Alenquer e o seu concelho».
Segue-se Fialho de Almeida (1857-1911) com «Os gatos», Leite de
Vasconcelos (1858-1941) com «Etnografia Portuguesa», Antero de
Figueiredo (1866-1953) com «Jornadas em Portugal», João Barreira
(1866-1961) com «São João de Alporão» e Raúl Brandão (1867-1930) com
«Portugal pequenino» em parceria com Angelina Brandão. Virgínia de
Castro e Almeida (1874-1945) assina «Terra bendita» e Carlos Malheiro
Dias (1875-1941) refere o Ribatejo em «Cartas de Lisboa». Cardoso dos
Santos (n.1876) surge com «O campino» e Faustino dos Reis Sousa
(1883-1972) com poemas de «Fumos do meu casal» (1938) sendo este poeta,
jornalista e dramaturgo autor de «Luz da tarde (12946) e «Meio- dia»
(1918). O «Guia de Portugal» de Raúl Proença (1884-1941) refere Almourol
e Santarém. Luís de Camões, Adelaide Félix, Francisco Câncio, Marcelino
Mesquita, Álvaro Valente, Alves Redol, Natércia Freire, Maria da Graça
Freire e Motta Cabral, já antes referidos neste inventário, surgem na
antologia e segue-se Augusto de Castro (1883-1971), director do Diário
de Notícias e embaixador, com «Mestre Outono Pintor». Maria de Carvalho
(1889-1973) surge com um poema do livro «Estrela da Tarde». Carlos
Selvagem (1890-1973) assina «Ribatejo no mapa da nação». Américo Durão
(1893-1969) nasceu no Couço e surge com poemas dos livros «Tântalo» e
«Ecce homo». Segue-se Serrão de Faria (1897-1959) com «Ao sol na
Lezíria» e Cabral do Nascimento (1897- 1978) madeirense com um poema
sobre Torres Novas. Segue-se um poema sobre Alenquer de Álvaro do Amaral
Neto (1903-1971), um texto de Luís Teixeira (1904-1978) sobre «Os
campinos», um excerto de «Portugal» de Miguel Torga (1907-1995), uma
passagem de «Esteiros» de Soeiro Pereira Gomes (1909-1949) e um poema de
Arquimedes Silva Santos (n.1921), autor dos livros «Voz velada» e
«Cantos cativos». Integram este livro de Natércia Freire quadras do
Cancioneiro Ribatejano da obra «Etnografia Portuguesa» de Luís Chaves.
«O Tejo e a margem sul na
Poesia Portuguesa» é uma edição (1993) da Câmara Municipal do Seixal com
recolha, introdução e notas de João Carlos Lopes Pereira. Começando com
um poema de autor anónimo do Cancioneiro de Évora, seguem-se João Zorro,
Diogo Bernardes, António Ferreira, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro,
Cristóvão Falcão, Luís de Camões, Manuel da Veiga Tagarro, Francisco
Rodrigues Lobo, Francisco Manuel de Melo, João Xavier de Matos, António
Dinis da Cruz e Silva, Filinto Elísio, Correia Garção e Bocage. Já na
época contemporânea temos: Adolfo Casais Monteiro, Afonso Lopes Vieira,
Alexandre Castanheira, Alexandre Herculano, Alexandre O´Neill, Almada
Negreiros, Almeida Garrett, Álvaro Feijó, António Barahona da Fonseca,
António Correia, António Gedeão, António Manuel Couto Viana, António
Manuel Pinto de Carvalho, António Monginho, António Ramos Rosa, António
Rei, Armindo Rodrigues, Artur Lucena, Augusto Deodato, Carlos de
Oliveira, Cesário Verde, Correia Pais, David Mourão-Ferreira, Emanuel
Jorge Botelho, Eufrázio Filipe, Eugénio de Andrade, Fernanda de Castro,
Fernando Grade, Fernando Namora, Fernando Pessoa, Fiama Hasse Pais
Brandão, Florbela Espanca, Frederico de Brito, Gastão Cruz, Graça Pires,
Henrique Madeira, Henrique Segurado, João Apolinário, João Dias, João
Miguel Fernandes Jorge, João Rui de Sousa, Joaquim Pessoa, Jorge Ramos,
José Carlos Ary dos Santos, José Carlos Gonzalez, José do Carmo
Francisco, José Correia Tavares, José Gomes Ferreira, José Jorge Letria,
José Manuel Mendes, José Saramago, Luísa Neto Jorge, Manuel Caetano de
Sousa, Manuel da Fonseca, Manuel de Oliveira Rebelo, Maria José
Sequeira, Maria Rosa Colaço, Maria Teresa Horta, Mário Dionísio, Mário
Gonçalves, Mário Vieira, Miguel Torga, Nuno Gomes dos Santos, Passos
Leitão, Paulo dos Santos Fonseca ,Ruy Belo, Sebastião da Gama , Sidónio
Muralha e Teixeira de Pascoaes.
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