JOSÉ DO CARMO FRANCISCO

Ribatejo e Literatura – contributos para um inventário provisório

 

Luís de Camões (1524-1580) em «Os Lusíadas» refere-se a Alenquer («Pátria minha Alenquer») e a Santarém («cujo campo ameno / Tu, claro Tejo, regas tão sereno») e já na «Crónica Geral de Espanha» de 1344 (fixação de Leite de Vasconcelos) se informa seu lugar, sua terra e seu castelo («non há logar per honde o passam combater») mas só em 1937 nasce a Província do Ribatejo – 21 concelhos de Ferreira do Zêzere a Vila Franca de Xira, de Rio Maior a Ponte de Sôr. Se a este mapa juntarmos o do distrito de Santarém, temos uma ideia do horizonte possível para este inventário provisório da Literatura no Ribatejo.

Começo por referir um pormenor pessoal. Nascido embora na Estremadura em 1951 (Santa Catarina – Caldas da Rainha), vivi perto do Tejo no Montijo de 1957 a 1960 (Escola Primária) e em Vila Franca de Xira de 1961 a 1966 (Curso Geral do Comércio) além de ter colaborado no jornal «O Ribatejo» e de ter trabalhado na redacção do jornal «O Mirante» em Santarém de 1997 a 2001. Ainda hoje em Lisboa tenho o Tejo à distância de uma janela aberta. O motivo que me levou a aceitar o convite do Fórum Ribatejo para organizar este inventário sobre Ribatejo e Literatura tem a ver com o facto de a minha primeira colaboração em 1978 no «Diário Popular» ter sido um poema dedicado a Ruy Belo (1933-1978), autor nascido em São João da Ribeira e que, mesmo sendo um poeta do Mundo cuja obra está reunida em «Todos os poemas» de 2000, começou por publicar no jornal «O Mocho» do Liceu Sá da Bandeira de Santarém. A carteira profissional nº 4149 de Jornalista não me dá especiais habilitações para esta tarefa mas não podia dizer não a este convite. Poemas meus figuram em «O Tejo e a margem sul na poesia portuguesa» de João Carlos Pereira (Câmara Municipal do Seixal). 

Depois de Ruy Belo o inventário segue com a reedição de «Alguns contos» de Carlos Pato (1920-1950),natural de São João dos Montes. Em apenas três narrativas breves, está todo o Mundo Ribatejano – a Charneca, a Lezíria e o Bairro. Cada conto tem a sua geografia e os seus protagonistas. O prefácio da presente dição é assinado por José Casanova. Não por acaso coube a Alves Redol (1911-1969) prefaciar em 1951 o livro de Carlos Pato que se esgotou num ápice. Alves Redol nasceu em Vila Franca de Xira e o seu primeiro livro foi em 1938 um ensaio de raiz antropológica - «Glória – uma aldeia do Ribatejo» antes de «Gaibéus» de 1939 e de «Marés», «Avieiros» e «Fanga». O recente centenário do seu nascimento possibilitou à editora Caminho a sucessiva reedição das suas obras com novas capas e moderno grafismo. 

O Museu do Neo-Realismo inaugurado já no século XXI (20-10-2007) na cidade de Vila Franca de Xira tem sido o local privilegiado para apresentação de livros e encontro de estudiosos da obra dos escritores desta corrente de Literatura. Os tempos que correm no momento da escrita deste inventário trazem no seu bojo algo de terrível – o governo da coligação PSD/CDS, não podendo desvalorizar a moeda, tem desvalorizado a vida de quem trabalha e as praças da jorna estão mais vivas do que nunca embora tenham saltado das ruas das aldeias ribatejanas para os écrans dos computadores. Cada «CV» enviado sem obter resposta é um patrão que passa ao lado de um trabalhador rural depois de o ter rejeitado para o trabalho no campo. Nesse sentido o Neo-Realismo está cada vez mais actual e não por acaso a ensaísta Maria Alzira Seixo, natural do Barreiro (1941) mas vivendo na Moita do Ribatejo até 1966, ainda há pouco tempo se referiu em Vila Franca de Xira a essa emergente realidade. Criadora da Associação Portuguesa de Literatura Comparada (1987), tinha presidido ao Centro Português da AICL em 1984. Além de estudos muito diversos sobre autores do século XX como António Lobo Antunes, Vergílio Ferreira e José Saramago -«O essencial sobre José Saramago» de 1987 - Maria Alzira Seixo é autora de dois livros de poemas: «Letra da Terra» de 1983 e «Diário do Lago» de 2002. 

Um poeta que tem o Tejo muito presente na sua escrita, também tal como a anterior, na margem esquerda do rio, é Joaquim Pessoa (Barreiro, 1948) que desde 1975 («O pássaro no espelho») publica uma poesia de amor e de combate e recebeu o prémio de Poesia da APE em 1981 para «O livro da noite».

 Joaquim António Emídio (Chamusca, 1955) é autor de uma obra poética com 12 livros de 1983 a 2009 e criou no jornal «O Mirante» a colecção de poesia «Alma Nova» que tem divulgado Guilherme de Azevedo, António Ramos Rosa, João Rui de Sousa, Amadeu Baptista, Luís de Miranda Rocha e Pedro da Silveira – entre outros.

Natural do Vale de Santarém (1972) o poeta Manuel de Freitas publica regularmente desde 2000 («Todos contentes e eu também»), escreveu ensaios e organizou antologias enquanto dirige a colecção de poesia «Averno».  

José Saramago (1922-2010) nasceu na Azinhaga e tem como romances mais emblemáticos o «Levantado do chão» (1982) e o «Memorial do convento» (1983). O primeiro homenageia dois camponeses assassinados em Montemor-o-Novo pela PIDE no quartel da GNR – José Adelino dos Santos e Germano Vidigal. A geografia do primeiro (Lavre) está na fronteira do Ribatejo com o Alentejo mas o conflito entre quem tem a posse da terra e quem apenas possui a força dos seus braços é um conflito de contornos e desenho universal. Já em «Memorial do convento» é a construção do grande edifício de Mafra (Estremadura) que movimenta e articula a história. Outro livro muito popular do único Prémio Nobel da Literatura português (1998) é «O ano da morte de Ricardo Reis» e tem como pano de fundo a cidade de Lisboa cuja relação com o Tejo é relativa ao seu estuário, o «Mar da Palha».

José Luís Peixoto nasceu em Galveias (1974), estreou-se no «D.N. Jovem» e publicou o comovente «Morreste-me» em 2000. Recebeu o Prémio José Saramago em 2001 com «Nenhum olhar» e nos livros posteriores – como «Cal» e «Cemitério de Pianos» - a sua literatura faz o milagre: mistura medo, culpa e arrependimento numa mesma memória confusa que salta do coração dos homens para as páginas dos livros.

António José Forte, natural da Póvoa de Santa Iria (1931-1988), foi bibliotecário da Fundação Gulbenkian e tem como livros de referência «Uma faca nos dentes» de 1983 e «Corpo de ninguém» de 1989. Para Herberto Hélder «a sua poesia, como toda a poesia verdadeira possui apenas a sua tradição».

Julião Bernardes nasceu nas Lapas (Torres Novas) em 1939 e é poeta, ficcionista e tradutor. Seu primeiro livro de poesia foi «Sombras de Pessoa(s)» de 1991 e publicou em 1999 «Lapas – Vivências da Juventude». Colabora na Revista de Poesia «Álamo» de Salamanca.   

Manuel Simões nasceu em Jamprestes (Ferreira do Zêzere) no ano de 1933. Poeta, tradutor, ensaísta e professor em Itália de língua e literatura portuguesa (Bari e Veneza) de 1971 a 2003. Criou com Júlio Estudante a editora «Nova Realidade» em Tomar em 1966 e organizou com Carlos Loures as antologias «Hiroxima», «Vietname» e Poemabril». Alguns livros de poesia: «Crónica breve» de 1971, «Canto Mediterrâneo» de 1987, «Errâncias» de 1998 e «Micromundos» de 2005. Publicou ensaios sobre a Literatura de Viagens, Gil Vicente, Garcia Lorca, Manuel da Fonseca e Guilherme de Azevedo. Traduziu do italiano obras de Pasolini, Montale, Quasímodo e Tiziano Rossi.           

José Ceitil nasceu em Vila Franca de Xira (1947) tendo iniciado a militância cívica os 15 anos na Secção Cultural da UDV e fundado o Cineclube Vilafranquense. Participou na organização da Associação Portuguesa de Tripulantes de Cabine (sua profissão durante 36 anos), estuda Antropologia no ISCTE e publicou quatro livros: «Vidas simples, pensamentos elevados» em 2007, «Sejam felizes!» em 2008, «Clube de Futebol Os Belenenses – 90 anos de História» em 2009 e «Dona Berta de Bissau» em 2012.     

José Quitério (Tomar, 1942) é um reputado jornalista na área da gastronomia e autor de vários livros sobre o mesmo assunto. «Livro de bem Comer» (1987), «Histórias e Curiosidades Gastronómicas» (1992) e «Comer em Português» (1997) antecedem «Escritores à Mesa» (2010) numa homenagem «sobretudo aos escritores que nem por serem dos maiores deixaram de tratar de um tema que muitos letrados enfadados (e enfadonhos) consideram matéria menor ou mesmo abominável».

José Antunes Ribeiro, poeta, editor e livreiro, vem de Alburitel (1942) e está ligado à criação de editoras como a ITAU, a Assírio & Alvim, a Ulmeiro e a Fólio Exemplar. Publicou «Mar a Mar» (1981), «O difícil comércio das palavras» (1984), «Fragmento e Enigma» (1985) e «Todos os livros, diz ele» (1999). O primeiro livro da série «cadernos peninsulares» da Assírio & Alvim (fundada por José Ribeiro) é «Sala Hipóstila» de José-Alberto Marques (Torres Novas) que nasceu em 1939 e também publicou um livro («Nuvens, no vale») na editora Ulmeiro. Ligado à Poesia Experimental (editou uma antologia em 1973) a sua actividade reparte-se pela poesia, pela ficção e pela escrita infanto-juvenil. O seu primeiro livro é de 1964 («A face do tempo») seguindo-se «Hoje, mas» em 1967 sendo um dos mais recentes «Histórias de coisas» (2008). Para o público infantil são conhecidos «A gramática a rimar» de 1989 e «Cartas a um jovem antes de ser poeta» de 2002.

Carlos Vale Ferraz nasceu (1946) em Vila Nova da Barquinha e desde até hoje publicou 8 livros de ficção. Começou com «Nó cego» (1983), «ASP- de passo trocado» (1985) e Soldadó (1988). Seguiu-se «Os lobos não usam coleira» (1995), «O livro das maravilhas» (1999) e «Flamingos dourados» (2004). Os mais recentes são «Fala-me de África» (2007) e «Basta-me viver» (2010).   

Marcelino Mesquita (1856-1919) que nasceu no Cartaxo foi dramaturgo, jornalista, poeta e ficcionista. Formado em Medicina em Lisboa, voltou ao Cartaxo em 1886 para comprar uma tipografia e um jornal («O Povo do Cartaxo») mudando-lhe o nome para «O Cronista» mas em 1888 vendeu tudo e regressou a Lisboa para fundar «A comédia portuguesa». Publicou, entre outras, as peças «Leonor Teles», «O regresso», «O sonho da Índia», «Pedro o cruel» e «Peraltas e Sécias». Além da sua tragédia «Envelhecer», outras peças conheceram o êxito já no século XX como «Pérola», «O velho tema», «Sempre noiva» e «Almas doentes». Em 1881 publicou «As Meridionais» (poesia) e o volume de contos «Na azenha» onde figura «A desforra do maioral» - o seu conto mais conhecido e antologiado. 

José Brás nasceu (1943) em Pereiro de Palhacana (Alenquer) e cumpriu o serviço militar na Guiné (1965-1968) tendo o seu livro «Vindimas no capim» (1986) recebido o prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Publicou ainda «Lugares de passagem» em 2010.

José Cid nasceu na Chamusca (1942), viveu em Coimbra onde fundou a sua primeira banda e em Lisboa criou o Quarteto 1111 cujo 1º LP em 1970 se referia à Guerra Colonial. Como por exemplo em «Lenda de Nambuangongo» que começa «Ao norte de Angola / há altas montanhas / que guardam um tesouro / nas suas entranhas». Está representado na «Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial» - edição da Afrontamento (Porto). 

Mário Rui Silvestre nasceu em Pernes. Poeta, ficcionista, historiador e dramaturgo, assinou em 1994 o livro de contos «Do rio à margem» e em 1997 o romance «Para a morte não ter razão». Segue-se em 2005 o ensaio «As gloriosas máquinas do pão» e, a seguir, «Santarém – os homens e a cidade à época dos Descobrimentos». Na área da Poesia publicou em 2001 «Ribaterra», em 2003 «Caosmologia» com prefácio de Vasco Graça Moura e em 2008 «Tudo bem em Santarém e outros poemas menores» num excelente itinerário poético por cidades, vilas e aldeias ribatejanas.

José Casanova nasceu no Couço (1939), dirige o Jornal «Avante!» desde 1997 e é autor dos livros de ficção «O caminho das aves» (2002), «Aquela noite de Natal» (2005) e «O tempo das Giestas» (2007). Para crianças escreveu «Três histórias de flores no jardim de Catarina» (1975) e é autor dos livros de poesia «Os poemas da minha vida» (2006) e «Maio, trabalho e luta» (2010). Prefaciou obras de Álvaro Cunhal, António Galamba, José Magro e António Gervásio alem do já referido Carlos Pato e de Domingos Lobo.   

António Veríssimo nasceu no Montijo (1947) e publicou «Estrada da vida» (2002), «Lince de có» (2003) e «Diversos» (2004) nis quais refere a sua experiência na Guerra Colonial para onde foi mobilizado entre 1968 e 1970.

Domingos Lobo, tendo nascido em Nagosela (1946) está há muito radicado no Ribatejo; é programador cultural da Câmara de Benavente. Poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta, foi chefe de redacção do Jornal Vale do Tejo. Autor dos romances «Os navios negreiros não sobem o Cuando» (2000) e «Pés nus na água fria» (2011) com prefácio de José Casanova e dos livros de contos «As lágrimas dos vivos» e «Território inimigo» (2009). Em 2012 publicou «Para guardar o fogo» com o poema «Ruy Belo nas Portas do Sol olhando os pássaros»

Júlio Mira nasceu no Seixal (1944) e foi mobilizado para Angola entre 1967 e 1969. Publicou o livro de poemas «Este mar que arde» (2003) e «Éramos todos bons rapazes» (2006) - este a partir da sua experiência na Guerra Colonial.   

Natércia Freire (1919-2004) foi poeta, ficcionista, tradutora e jornalista. Nasceu em Benavente e dirigiu durante 20 anos o suplemento de Artes e Letras do Diário de Notícias. Estreou-se em 1938 com «Castelos de Sonho» e «Meu caminho e luz» em 1939. A sua poesia está reunida em 2 volumes - «Obra poética». O seu livro de prosa «Infância de que nasci» de 1955 recebeu o prémio Ricardo Malheiros e aos poemas de «Os intrusos» foi atribuído em 1971 o prémio Nacional de Poesia. Em 1978 publicou «Liberdade solar». Sobre a sua obra Pedro Sena-Lino (n.1977) publicou em 2000 «Natércia Freire», um ensaio crítico-biográfico, edição da Câmara Municipal de Benavente.

Maria da Graça Freire (1918-1993) nasceu em Porto de Muge – Benavente. Começou por assinar Maria da Graça Azambuja em «As estrelas moram longe» (1946), em «A primeira viagem» (1951) que recebeu o prémio Ricardo Malheiros, em «Bárbara Casanova» (1954) e em «A terra foi-lhe negada» (1958) que teve o prémio Eça da Queirós. Colaborou também na Revista «Viver» entre 1953 e 1954. A sua vivência em Angola teve efeito no seu ensaio «Portugueses e negritude» de 1971. É autora de «Os deuses não respondem» (contos – 1959) e de Inventário (poesia – 1982). Sobre a sua obra Pedro Sena-Lino (n.1977) publicou em 2003 «Só a viagem responde», edição da Câmara Municipal de Benavente.   

Nuno Fisher Lopes Pires, natural de Santarém  (1930-2013)) foi um dos oficiais do «25 de Abril» tendo trabalhado com Melo Antunes no Programa do MFA. É co-autor de «A fita do tempo da Revolução: a noite que mudou Portugal» de 2004.

Sá Flores nasceu no ano de 1939 em Águas Belas - Ferreira do Zêzere. Poeta, ficcionista e dramaturgo, perdeu a visão em Moçambique na Guerra Colonial. A sua obra integra «Vivências no capim» (1989), «Viúvos de guerra» (1991) e a peça de teatro «Ira dos usados» (1998).

Adelaide Félix (1896-1971) nasceu em Santarém e foi aluna de Teófilo Braga na Universidade de Lisboa. Estreou-se em 1919 com o romance «Hora de Instinto», seguindo-se em 1921 o livro de contos «Miragens torvas». Em 1926 nos contos de «Personae» o primeiro trabalho intitula-se «Ribatejo»; segue-se em 1936 «O grito da terra» e em 1963 «Um seixo na corrente» envolvendo gentes, paisagens e costumes da borda d´água.

Álvaro Guerra (1936-2002) nasceu em Vila Franca de Xira e estreou-se em 1967 com «Os mastins». Seguiu-se «Disfarce» (1969), «A lebre» (1970), «Memória» (1971), «Capitão Nemo e Eu» (1973), «Café República» (1982), «Café Central» (1984), «Café´25 de Abril» (1984), «Crimes imperfeitos» (1990), «Razões de coração» (1991), «A guerra civil» (1993), «Esboços para uma tauromaquia» (1994), «Crónicas Jugoslavas» - grande prémio da Crónica da APE (1996) e «No jardim das paixões extintas» (2002).Mobilizado na guerra colonial entre 1961 e 1963, foi jornalista, director da RTP e mais tarde embaixador de Portugal na Jugoslávia, na Índia, no Zaire, na Suécia e em Estrasburgo. A Vila Velha dos livros é Vila Franca de facto.    

Ângela Sarmento (1927) nasceu em Lisboa mas fixou-se em Salvaterra de Magos em 1960. O seu nome civil é Maria Teresa Guerra Bastos Gonçalves, foi discípula de Raquel Roque Gameiro, fez ballet e estudou música. Irmã da escritora Isabel da Nóbrega, publicou em 1961 o romance «A árvore», a história de uma família, em 1987 «A beira da estrada» e em 2002 «A hora da verdade» todas de ambiente ribatejano. 

António Borga (1905-1974) nasceu nas Lapas (Torres Novas) e aos 16 anos alistou-se na Marinha de Guerra e parte para Macau. Regressa a Torres Novas em 1936 mas é preso em Caxias (1941) e julgado no Tribunal de S. Clara (1942). Ganha o primerio prémio dos Jogos Florais da Feira do Ribatejo em 1961 com o conto «Os Bogas». Além de ter participado no livro colectivo «Histórias breves de escritores ribatejanos» é autor dos seguintes livros: «Noite revelada» (1960), «Ainda é ontem» (1962) e «O comboio da madrugada» (1964).

Jacinto Martins (1917-2003) nasceu em Alpiarça e como militante comunista esteve preso pela PIDE de 1959 a 1964. Colaborou no jornal Diário Popular e na revista Vértice. Actor e encenador, fundou a cooperativa de teatro «Ribalta». Publicou nos anos 60 o livro «Carreiro de gente» (retirado do mercado) e participou no volume colectivo «Histórias breves de escritores ribatejanos» (1968)

Jorge Reis (1926-2005) nasceu em Vila Franca de Xira mas em 1948 partiu para França onde foi jornalista na televisão e na rádio. Continuou a colaborar na revista «Vértice» e no jornal «Diário de Lisboa». Em Paris foi amigo de F. Mauriac, A. Malraux e Jean Moulin. É autor de «Matai-vos uns aos outros» (1962) que foi Prémio Camilo Castelo Branco, de «Aquilino em Paris» (1988) e de «A memória resguardada» (1990).

Júlio Graça (1923-2000) nasceu em Alhandra e estreou-se com o livro de poemas «Lezíria» em 1952. Seguiu-se «Mosaico» (contos) e o romance «Buza» em 1954. Continuou com «O salário de Judas» (1955) e «Um palmo de terra» (1959). «A espada e o coração» de 1962 (contos) antecede novo livro de poemas - «Banquete do deserdado». Segue-se «A voz das sereias» (1968), «Operários falam» (1973), «Histórias da prisão» (1975), «Ciclo do Preste João» (1985), «A lenda do Paraíso» (1989), «De búzio no ouvido» (1996) e «Crónica de Libertação da Etiópia» (2003). Publicou colaboração nas revistas «Seara Nova» e «Vértice».

Mário Ventura (1936-2006) nasceu em Santarém, originário de uma família de S. Vicente do Paúl e com quinze anos já colaborava nos jornais «Vida Ribatejana» e «Correio do Ribatejo».  Tornou-se jornalista profissional nos anos 60, trabalhou no Diário Popular, Diário de Notícias, Seara Nova, Extra e Europa Press, foi presidente do Festival de Cinema de Tróia e da direcção da  Associação Portuguesa de Escritores. É esta a lista de livros de sua autoria: «A noite da vergonha» (1963), «À sombra das árvores mortas» (1966), «O despojo dos insensatos» (1968), «Alentejo desencantado» (1969), «Morrer em Portugal» (1979), «Outro tempo, outra cidade» (1980), «Vida e morte dos Santiagos» (1985), «Março desavindo» (1987), «Évora e os dias da guerra» (1991, «A revolta dos herdeiros» (1997), «O segredo de Miguel Zuzarte» (1999), «Quarto crescente» (2001), «Portugal, geografia do fatalismo» (2001), «Atravessando o deserto» (2002) e «O reino encantado» (2005). Participou em 1968 no colectivo «Histórias breves de escritores ribatejanos» e assinou «Conversas» em 1986 entrevistando diversos escritores entre os quais José Saramago, natural da Azinhaga – Golegã.

Severiano Falcão (1923-2004) nasceu em Alhandra e começou por participar com o conto «Sonho e realidade» no volume «Histórias breves de Escritores Ribatejanos» de 1968. Foi presidente da Câmara Municipal de Loures entre 1980 e 1990.

Mário Rui Cordeiro nasceu em Santa Margarida e veio para Abrantes em 1952. Estudou no colégio La Salle e na Escola Comercial e Industrial. Colaborou nos jornais «República» e »Diário de Lisboa – Juvenil». Viveu em Bruxelas e Paris de 1971 a 1975. Regressou a Portugal em 1976. Publicou na editora Ulmeiro o livro «A nau eléctrica» com apresentação de Miguel Serras Pereira.        

Miguel Serras Pereira nasceu no Porto (1949) mas reside no Ribatejo há muitos anos. Poeta, tradutor e ensaísta. Organizou e participou no Festival do Imaginário da Associação Palha de Abrantes em 1996 e 1999 reunindo personalidades como Eduardo Lourenço, Pedro Tamen, Maria Velho da Costa e Almeida Faria. Licenciado em História (1986) pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professor no ISLA de Santarém de 1993 a 1997 voltando em 2000 à mesma Escola. Foi jornalista no jornal A Capital e na revista Vida Mundial tendo sido director de A Ideia – Revista Libertária. Escreve no Blog Vias de Facto. Colaborou em jornais e revistas como: Expresso, Público, J.L., Diário de Notícias, Ler e Colóquio-Letras. Traduziu entre outros autores como Bergson, Simenon, Cocteau, Proust, Blanchot, Virgínia Woolf, George Steiner e Derrida. Venceu o prémio de Poesia Almeida Garret no Porto em 1969 e á autor dos seguintes livros. «Inumerações», «O mar a bordo do último navio», «Poema em branco», «Da língua de ninguém à praça da palavra» e «Trinta embarcações para regressar devagar». Em 1979 publicou «Novas bárbaras» com Maria Regina Louro.  

Maria Regina Louro nasceu em Casal das Ferrarias - Mouriscas (1948). É escritora, jornalista e tradutora. Traduziu entre outros autores M. Blanchot, Giles Lipovetsky, Pablo de Santis, Carmen Posadas e Rosa Montero. Como jornalista trabalhou em Macau, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. É co-autora de «Um olhar português» editada pelo Círculo de Leitores com um texto sobre o Minho. Escreveu nos jornais Diário de Lisboa, J.L., Expresso e Público. É autora dos seguintes livros: «Novas bárbaras» (1979) com Miguel Serras Pereira, «País de Lesbos» (1981), «Apocalipse» (1982), «Sapos vivos e outros monstros» (1984), «Objectos sexuais no espaço» (1984), «Que pena ela não se chamar Maria» (1985), «Baixo Alentejo» (1989), «À sombra das altas torres do Bugio» (1994), «Faróis de Portugal» (1995) com João Francisco Vilhena e «Terras Portuguesas» das edições INAPA sobre fotos de Clara Azevedo e Lúcia Vasconcelos.      

José Amaro (1916-1976) médico e escritor, nasceu em Lisboa originário de uma família ribatejana; Almeirim foi a terra de sua mãe. Colaborou nos jornais «O Almeirinense», «O Vale do Tejo», «Vida Ribatejana», «Diário do Ribatejo», «Correio do Ribatejo», «O Sorraia» e nas revistas «Olisipo» e «Revista Municipal» de Lisboa. No referido jornal de Almeirim participou nas edições especiais do Natal de 1965 e do Ano Novo de 1967. É autor dos seguintes livros: «O Zé Carrapato» (1964), «Cancioneiro almeirante» (1965), «Da serra à planície» (1967), «Variações sobre o Fado» (1967), «Redondilha maior» (1971), «Contos do Ribatejo» (1972) e «Cartas de um moinho saloio» (1974). Admirado no meio fadista de Lisboa como «o médico de todos os fadistas», foi por diversas vezes homenageado por (entre outros) Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues, Raúl Nery, Joaquim Cordeiro e Filipe Pinto.

Henrique Nicolau (1941-2012) nasceu na Pocariça (Alenquer) e usou o nome de António Damião no cinema e seu livro «Na boca da infância» de 1988. Realizou o filme «Talvez amanhã» (1969) e o programa de televisão «Ensaio» tendo trabalhado com António Macedo, José Fonseca e Costa, António Cunha Teles, Pierre Kast, Ruy Guerra e José Pedro Andrade Santos. É autor dos seguintes livros: «O trabalho é sagrado» (1985 –Prémio Policial Editora Caminho)  «A escola da verdade» (1986), «Alcança quem não cansa» (19887), «A arca do crime» (1988), «O assombrado» (1988), «Uma vida em beleza» (1990), «Todos e nenhum» (1991–Prémio Repórter X), «Autópsia de um desatino» (1992), «O meu nome já se foi» (1992) e «A alpista do canário» (1993).                

José Niza (1938-2011) nasceu em Lisboa mas está ligado a Santarém desde os 6 anos. Médico, compositor, produtor musical, deputado, é autor da letra de «E depois do adeus», melodia tocada pela Banda da Gançaria no seu funeral em Santarém. Autor de mais de 300 canções, produziu discos de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, foi mobilizado para a Guerra Colonial, foi director da RTP e esteve ligado à criação do Serviço Nacional de Saúde. É autor de «Poemas de guerra» (2008) e de «Golden Gate – um quase diário de guerra» (2012). 

Soledade Martinho Costa (1937) nasceu em Lisboa mas fixou-se em Alverca do Ribatejo ainda criança. Colaborou em jornais e revistas: Diário de Lisboa, Expresso e O Jornal da Educação. No livro «Inquérito ao livro infantil» de 1980 entrevistou (entre outros) Sophia de Mello Breyner Andresen, Ilse Losa, Manuel António Pina, Luísa Ducla Soares, Maria Lúcia Namorado, Adolfo Simões Müller, Alice Gomes, Maria Cecília Correia, Madalena Gomes e Manuel Ferreira. Publicou a peça de teatro «O Canteiro vaidoso» (1977) e os livros de poemas «Reduto» (1973), «A palavra nua» (1982) e «15 poemas do sol e da cal» (1987). Para crianças publicou (entre outros) «Vamos adivinhar animais» (1975), «O gato dos bigodes» (1976), «Vamos adivinhar profissões» (1976), Conversa da bicharada» (1977), «Vamos adivinhar frutos» (1978), «Um-dó-li-tá» (1979), Vamos adivinhar figuras célebres» (1985) e «Seis histórias numa história de todas as cores» (1986).    

Eduardo Bento (1944) nasceu em Abrantes e vive em Torres Novas onde foi director do jornal «O Almonda». Licenciado em Filosofia e com um mestrado em Ciências da Educação, foi professor, colabora em jornais e revistas como Seara Nova, Quid Novi ou Nova Augusta e tem feito encenação teatral na região ribatejana. É autor de peças de teatro («Nesta Torre», «A caixa de Pandora», «O auto do lume brando»), de um livro de prosa («O olhar que procura um barco») e de dois livros de poesia - «O nevoeiro dos dias» e «A casa já não abriga vozes».

José Brites (1945) nasceu em Alcorochel, terminou o Curso Industrial em 1963, foi mecânico de aviões em Portugal e emigrou para os EUA em 1970. Colaborou em jornais («O Almonda», «O Riabtejo») e revistas como «Peregrinação». É autor dos seguintes livros de poesia: «Poemas sem poesia» (1975, «Imigramar» (1983) e «25 anos de Poesia» (1995). Publicou também «Imigramentes» (1984), «Estória para a História de Alcorochel» (1994), «Do Ribatejo ao Além-Tejo» (1998) e «Da casa para o Inferno».    

Pedro Silva Sena (1975) nasceu em Lisboa mas a sua vida tem sido passada em Almeirim. Poeta e antropólogo, estreou-se com «Cancioneiro do absurdo» em 1999. Seguiu-se «Monumentos» (2011) e «Livro de reclamações e rebuçados a avulso» (2012). Tem estudado a figura do «Campino» no Ribatejo em trabalhos publicados pela Fundação da Juventude em 1997, no Suplemento Açoriano de Cultura nº 89 em 1999 (Ponta Delgada) e no Congresso Internacional de Estudos Interculturais (2008). No seu estudo recorda os textos de Almeida Garrett, Alexandre Herculano, João Salvador Marques da Silva, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Fialho de Almeida, Marcelino Mesquita, Alberto Pimentel, Orlando Ribeiro e Francisco Câncio.

Francisco Câncio (1903-1973), professor natural de Alhandra, dirigiu um colégio em Vila Franca de Xira, colaborou nos jornais «Vida Ribatejana» e «Correio do Ribatejo». Licenciado em Direito e em Histórico-Filosóficas pela Universidade de Lisboa. Sobre temas ribatejanos publicou «Ribatejo» em 1929, com nova edição em 1936, «Ribatejo Histórico e Monumental» (1939) em 3 volumes, «Contos Ribatejanos» (1940), «Festa brava» (1941), «Subsídios para a história económica do Ribatejo» (1944), «Ribatejo lendário e pitoresco» (1946), «O Ribatejo e as festas centenárias de Lisboa» (1947), «Ribatejo casos e tradições» (1948), «Notas de um ribatejano» (1956) e «Tempos idos» (1957).  

Sebastião da Gama (1924-1952) viu os seus primeiros poemas, ainda assinados como «Zé d´Anicha», editados em 1940 no jornal «Gazeta do Sul» publicado no Montijo. O chefe de redacção, Augusto Barbosa, percebeu de imediato a qualidade da sua poesia e ordenou: «Ponha-me isto em normando e em lugar destacado no jornal!». Mesmo depois do seu livro inicial («Serra-Mãe») continuou ligado ao jornal que no Montijo lhe publicou os primeiros versos.

Júlio Dantas (1876-1962) no livro «Pátria Portuguesa» (1914) refere o Ribatejo no conto «O Tambor». Passada em 1814, é a história do filho do ferrador de Manique do Intendente. Fugiu com a Legião Portuguesa de Napoleão aos 13 anos e escreveu-lhe três cartas: de Burgos, de Baiona e de Wagram. Miguel Moirisca, da Azambuja, vai trazer ao velho pai a história do heroísmo do seu filho de Saragoça até à Rússia, sob comando alheio, para morrer em Rutzendorf crivado de balas. O Duque de Reggio colocou no corpo do jovem tambor português a sua capa de marechal mas Napoleão deu-lhe a Legião de Honra. Por intermédio de Miguel Moirisca a cruz veio parar a Manique do Intendente, às mãos do velho ferrador ribatejano.    

Motta Cabral (1889-1959) nasceu na Azambuja e faleceu em Valada tendo sido médico dos Hospitais Civis de Lisboa e subdelegado de saúde na Azambuja. O seu curso de Medicina teve o apoio de uma bolsa do benemérito azambujense Cândido António Carvalho Abreu. Poeta e escritor, esteve no I Congresso do Ribatejo com a tese «Toiradas na região ribatejana». Em 1914 publicou «Noite de sonhos» (poesia) seguindo-se as crónicas «Quadros ribatejanos» (1920), «Ao sol – notas de um ribatejano» e «À vara larga – notas de um ribatejano» em 1928. Em 2-12-1956 publicou no «Notícias do Cartaxo» um trabalho sobre Marcelino Mesquita.  

Álvaro Valente (1886-1965) nasceu no Montijo e sobre a sua trajectória pessoal Artur Vaz publicou em 2010 o livro «Álvaro Valente – o homem e a obra», edição da Câmara Municipal do Montijo. É autor de «Daqui fala o Ribatejo» (19429 e «Pedaços deste Ribatejo» (1948).

Maria Lamas (1893-1983) foi escritora, jornalista, tradutora e conferencista. Nasceu em Torres Novas onde estudou num colégio de religiosas. O nome que usou mais (Lamas) provém do segundo casamento com Alfredo Lamas em 1921 ma usou também o pseudónimo de Rosa Silvestre (1923-1935). Dirigiu a revista Modas e Bordados até 1947 e a revista Mulheres de 1978 a 1983. Como jornalista publicou trabalhos em O Século, Diário de Lisboa e República além do Correio da Manhã e A Voz. Era militante do PCP, viveu em Paris de 1962 a 1969 e recebeu em 1980 a Ordem da Liberdade. Os livros «As mulheres do meu país» (1948-1950), «A mulher no Mundo» (1952-1953) e «Mitologia Geral» (1972) são os seus livros mais conhecidos.

Pedro Canais (1962) nasceu em Torres Novas, viveu no Brasil e regressou a Portugal para frequentar o curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa. Ligado alo mundo da publicidade e da TV, o seu primeiro romance «A lenda de Martim Regos» (2009) foi galardoado com o Prémio Primeira Obra do PEN Clube Português. O protagonista do seu romance nasce no Ribatejo em 1453, foge para a Granada muçulmana na adolescência e converte-se ao islamismo. Já com o nome de Abi Rial passa por África, Egipto, Brasil, Veneza, Meca, Jerusalém e China para escrever e deixar como herança os conhecimentos que adquiriu.

Irene Lisboa (1892-1958) nasceu em Arranhó (Arruda dos Vinhos), estudou em Lisboa na Escola da Magistério Primário e fez a pós-graduação pedagógica em Geneve, Paris e Bruxelas. Por motivos políticos reformou-se em 1940 no Instituto de Alta Cultura. Sob a direcção de Paula Morão a Editorial Presença tem publicado as suas «Obras completas». Em «Começa uma vida» a autora recorda a quinta de Monfalim onde viveu parte da infância: «Creio que me dava vaidade ver o meu pai pagar aos homens do trabalho. A jorna de um homem eram doze vinténs e os saloios desbarretavam-se para a receber.»

Rui Cacho (1932-2007) nasceu em Santarém e foi colega de Ruy Belo no Sá da Bandeira sendo ambos colaboradores activos do jornal «O mocho» dos alunos do Liceu. A amizade entre os dois levou a que fossem vizinhos em Monte Abrão. Foi colaborador de diversos jornais - «O Século», «República» e «Diário de Lisboa». Poeta e ficcionista, é autor dos seguintes livros: «Funeral sem banzé» (1967), «O professor de quotidiano» e «Conversa de um habitante» (ambos de 2000), «Anotações poéticas» e «Livro por editar (ambos de 2001), «O escritor sem obra e outros textos» e «Quotidiano anotado – tudo é aparente» este em co-autoria com Julião Bernardes (ambos de 2004) e o póstumo «Crónicas do passado e do presente» (2010).

Aurélio Lopes vive desde um ano de idade no Vale de Santarém mas nasceu em Cunqueiros (Proença a Nova) em 1954. Antropólogo e estudioso da cultura tradicional, especialmente no que respeita à Antropologia do Simbólico, o seu primeiro livro foi «A religião popular no Ribatejo» (1995) e o mais recente é «O culto de Maria Coroada – Os santos custódios da Granja do Tedo» (2012). Entre os dois registamos (entre outros) «O percurso de selene», «Tempo de solstícios», «Vale de Santarém – o Bairro e a Lezíria», «A face do caos», «Fertilidade e Labor na Lezíria ribatejana», «Devoção e poder nas festas do Espírito Santo», «A sagração da Primavera» e «Videntes e confidentes». Além de comunicações a Congressos e colaboração em jornais regionais, Aurélio Lopes publicou diversos livros em colaboração com João Serrano e Bertino Coelho Martins.  

Bertino Coelho Martins nasceu nas Lapas (1927), dirigiu a Biblioteca de Santarém e como musicólogo tem publicado inúmeros trabalhos sobre a música do Ribatejo mas também memórias e contos. A lista dos seus livros consta de «Lapas – história e tradições» (1991), «Cancioneiro da Romeira» (1994), «Músicas e danças tradicionais do Ribatejo» (1997), «Vale de Santarém – o Bairro e a Lezíria» (1999), «Coisas da nossa gente» (2000), «Os saberes e o lúdico» e «Lapa – memórias e etnografia» (2001), «Pedaços de vida» (2003) e, mais recentemente «Vale de Santarém – cancioneiro e tradição» (2005), «Fandangos» (2005) e «Campinas» (2011) - estes três em co-autoria com Aurélio Lopes.   

João Monteiro Serrano nasceu em Alpiarça (1953) e é autor com Aurélio Lopes dos livros «O enterro do galo» (2006) e «A reconstrução do sagrado» (2009). Joaquim Veríssimo Serrão assinou o prefácio do livro «O enterro do galo». João Serrano organizou as actas do «Encontro Nacional da Cultura Avieira» (2010) e os «Cadernos Culturais da A.I.D.I.A.» (2011).

Carlos Frias de Carvalho nasceu (1945) em Seiça (Ourém) estudou em Tomar, Santarém e Lisboa e viveu cinco anos no exílio (Paris) por ter recusado a guerra colonial. Segundo Bernardo Santareno «é um poeta da terra» e estreou-se em 1978 com «Primeiro cântico», seguindo-se «Libertação do amor» (1979) e «Com armas e sonhos» (1980). Na área da literatura infanto-juvenil assinou com Emerenciano «Barco de papel» em 1998. Desenvolve a actividade de galerista em Lisboa e os mais recentes livros são, desde 1997, «Vinte e cinco pétalas para Deborá», «Lugares do vento», «Ribatejo e além», «Luz da água» e «Compêndio de enxertia».

Bernardo Santareno (1920-1980) embora mais reconhecido como dramaturgo, publicou textos em prosa («Nos mares do fim do Mundo» – 1959) e em poesia: «A morte na raiz» (1954), «Romance do mar» (1955) e «Os olhos da víbora» (1957). Nascido em Santarém, António Martinho do Rosário usou o pseudónimo de Bernardo Santareno tendo a ssuas peças «O lugre» e «A promessa» nascido da sua vivência de médico nos navios de pesca do bacalhau: David Melgueiro,  Senhora do Mar e Gil Eanes. Outras peças que marcaram a sua obra foram «O crime da aldeia velha» (1959), «A traição do padre Martinho» (1969) e «Português, escritor, 45 anos de idade» (1974). A sua peça «O punho» foi publicada (edição póstumo) em 1987.  

Com introdução, selecção e notas de Natércia Freire a «Antologia da Terra Portuguesa» dedicada ao Ribatejo (edição Livraria Bertrand) inclui textos de Francisco Rodrigues Lobo (1579-1622), Almeida Garrett (1799-1854) com as suas «Viagens», Alexandre Herculano (1810-1877), Rebelo da Silva (1822-1871), Bulhão Pato (1829-1912), Ramalho Ortigão (1836-1915) com as suas «Farpas» e Xavier da Cunha (1840-1920) com o «Álbum de costumes portugueses». Segue-se Zeferino Brandão (1842-1910) com «Monumentos e Lendas de Santarém», as «Cartas peninsulares» de Oliveira Martins (1845-1894), João Carlos Henriques (1846-1911) com «Alenquer e o seu concelho». Segue-se Fialho de Almeida (1857-1911) com «Os gatos», Leite de Vasconcelos (1858-1941) com «Etnografia Portuguesa», Antero de Figueiredo (1866-1953) com «Jornadas em Portugal», João Barreira (1866-1961) com «São João de Alporão» e Raúl Brandão (1867-1930) com «Portugal pequenino» em parceria com Angelina Brandão. Virgínia de Castro e Almeida (1874-1945) assina «Terra bendita» e Carlos Malheiro Dias (1875-1941) refere o Ribatejo em «Cartas de Lisboa». Cardoso dos Santos (n.1876) surge com «O campino» e Faustino dos Reis Sousa (1883-1972) com poemas de «Fumos do meu casal» (1938) sendo este poeta, jornalista e dramaturgo autor de «Luz da tarde (12946) e «Meio- dia» (1918). O «Guia de Portugal» de Raúl Proença (1884-1941) refere Almourol e Santarém. Luís de Camões, Adelaide Félix, Francisco Câncio, Marcelino Mesquita, Álvaro Valente, Alves Redol, Natércia Freire, Maria da Graça Freire e Motta Cabral, já antes referidos neste inventário, surgem na antologia e segue-se Augusto de Castro (1883-1971), director do Diário de Notícias e embaixador, com «Mestre Outono Pintor». Maria de Carvalho (1889-1973) surge com um poema do livro «Estrela da Tarde». Carlos Selvagem (1890-1973) assina «Ribatejo no mapa da nação». Américo Durão (1893-1969) nasceu no Couço e surge com poemas dos livros «Tântalo» e «Ecce homo». Segue-se Serrão de Faria (1897-1959) com «Ao sol na Lezíria» e Cabral do Nascimento (1897- 1978) madeirense com um poema sobre Torres Novas. Segue-se um poema sobre Alenquer de Álvaro do Amaral Neto (1903-1971), um texto de Luís Teixeira (1904-1978) sobre «Os campinos», um excerto de «Portugal» de Miguel Torga (1907-1995), uma passagem de «Esteiros» de Soeiro Pereira Gomes (1909-1949) e um poema de Arquimedes Silva Santos (n.1921), autor dos livros «Voz velada» e «Cantos cativos». Integram este livro de Natércia Freire quadras do Cancioneiro Ribatejano da obra «Etnografia Portuguesa» de Luís Chaves.

«O Tejo e a margem sul na Poesia Portuguesa» é uma edição (1993) da Câmara Municipal do Seixal com recolha, introdução e notas de João Carlos Lopes Pereira. Começando com um poema de autor anónimo do Cancioneiro de Évora, seguem-se João Zorro, Diogo Bernardes, António Ferreira, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Cristóvão Falcão, Luís de Camões, Manuel da Veiga Tagarro, Francisco Rodrigues Lobo, Francisco Manuel de Melo, João Xavier de Matos, António Dinis da Cruz e Silva, Filinto Elísio, Correia Garção e Bocage. Já na época contemporânea temos: Adolfo Casais Monteiro, Afonso Lopes Vieira, Alexandre Castanheira, Alexandre Herculano, Alexandre O´Neill, Almada Negreiros, Almeida Garrett, Álvaro Feijó, António Barahona da Fonseca, António Correia, António Gedeão, António Manuel Couto Viana, António Manuel Pinto de Carvalho, António Monginho, António Ramos Rosa, António Rei, Armindo Rodrigues, Artur Lucena, Augusto Deodato, Carlos de Oliveira, Cesário Verde, Correia Pais, David Mourão-Ferreira, Emanuel Jorge Botelho, Eufrázio Filipe, Eugénio de Andrade, Fernanda de Castro, Fernando Grade, Fernando Namora, Fernando Pessoa, Fiama Hasse Pais Brandão, Florbela Espanca, Frederico de Brito, Gastão Cruz, Graça Pires, Henrique Madeira, Henrique Segurado, João Apolinário, João Dias, João Miguel Fernandes Jorge, João Rui de Sousa, Joaquim Pessoa, Jorge Ramos, José Carlos Ary dos Santos, José Carlos Gonzalez, José do Carmo Francisco, José Correia Tavares, José Gomes Ferreira, José Jorge Letria, José Manuel Mendes, José Saramago, Luísa Neto Jorge, Manuel Caetano de Sousa, Manuel da Fonseca, Manuel de Oliveira Rebelo, Maria José Sequeira, Maria Rosa Colaço, Maria Teresa Horta, Mário Dionísio, Mário Gonçalves, Mário Vieira, Miguel Torga, Nuno Gomes dos Santos, Passos Leitão, Paulo dos Santos Fonseca ,Ruy Belo, Sebastião da Gama , Sidónio Muralha e Teixeira de Pascoaes.               

     

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO (Santa Catarina, Caldas da Rainha,1951).

Prêmio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Colaborou no Dicionário Cronológico de Autores Portugueses do Instituto Português do Livro. Poeta. Possui uma antologia da sua poesia publicada no Brasil. Jornalista, colaborou entre outros em "A Bola", "Jornal do Sporting", "Remate", "Atlantico Expresso"...

Autor de "Universário", "Jogos Olímpicos", "Iniciais", "Os guarda-redes morrem ao domingo", etc., bem como de antologias como "O trabalho", "O desporto na poesia portuguesa e "As palavras em jogo", entre outras.

É secretário da Associação Portuguesa de Críticos Literários. Vive em Lisboa.
 Contacto: jcfrancisco@mail.pt