O mistério é da Rosa
E das quinas e anilhas,
Duma Grei, tão graciosa
Que dá graça às maravilhas.
O sidéreo é de Cristo
E nubente é sua Cruz:
A campanha é Trismegisto,
Companheiros d’Emaús.
O Império é do Verbo
E a parábola é o Pão.
Nunca azedo nem acerbo,
Diz o núncio à nação:
Lisa é Luz, e eu consinto
Que me tomem por natal;
Um só canto e um só quinto,
«Um só nome: Portugal.»
Lisboa, 28/ 12/ 2001
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RESSURREIÇÃO
No palácio infeliz da Desventura,
Eu vi meu coração crucificado.
Monstros, harpias mil…, mas ao meu lado
Carpia uma amorosa criatura.
Era a Mãe!!! Minha Mãe que na fundura
Do seu olhar mais belo do que um prado,
O corpo de seu filho, ensanguentado,
Vira descer à negra sepultura.
«O meu filho! Meu filho tão pequeno!
Pra que eu te tive em mim, se te perdi?
O meu filho me entrega, ó Nazareno!!!»,
Dizia a pobre Mãe, quando eu parti,
Mas diz um anjo azul, no céu sereno:
«Ó Mãe, não chores mais, eu estou aqui.»
Lisboa, 3/ 5/ 1990