Paulo Brito e Abreu.........

Conversa surrealista

O meu irmão a ensinar-me a usar
Convenientemente as camisas-de-vénus
Numa tarde com cheiro a cicuta
E a vapores de marijuana
Eu caminhando no espaço bebendo fumando
Fornicando as donzelas grávidas
Da velha Avenida de Roma
Enquanto nos quartéis do outro lado
Da linha telefónica sempre do outro lado
De lá os magalas apalpam os tomates
Uns aos outros como preparação higiénica
Para o democrático tiro ao alvo
Talvez jantando uma perna de galinha fumada
Eu consiga meus amigos resolver
Os meus problemas psicanalíticos
Cinza de leopardo peida do Papa
Um conto mil e quinhentos escudos
Pelo Natal paranóias anarquistas
Pela Páscoa altos gabaritos
Pelo Carnaval e a confusão
Instalada na cabeça e nas penas do pardal
 
Parabéns meu General
 
Lisboa, 23/ 04/ 1989
 
PAULO JORGE BRITO E ABREU