Paulo Brito e Abreu.........

Elegia nocturna

(invoco, para o meu discípulo João Belo, o fecundo e o facundo, o Arcano e Arcaico da Força feraz)

 

 

Linda cabeleira coberta logo por moluscos

por mãos avaras mais de ódio

mãos avaras mais de crime

E a carne dos meus poemas

a arder Lena sempiterna

no coval boquiaberto

dos meus sonhos resignados

Olheiras roxas, de fastio, já dominadas pelo Inverno

enquanto a mágoa deste Outono

vai já espalhando o seu porquê,

E o pássaro da loucura tremendo azul nas tuas pernas

delineadas por anões analfabetos

e psicotrópicos Lianovitch

Menina louca e piolhosa coçando o pêlo

azul do gato coçando o pêlo azul

do gato coçando o pêlo azul do gato

que é um gato moribundo

Mais um gato já moribundo

chupando a seiva dos teus seios

em dias loucos de psicanálise

a morderem-te nas tripas

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU