(invoco, para o meu discípulo João Belo, o
fecundo e o facundo, o
Arcano e Arcaico da Força feraz)
Linda cabeleira coberta logo por moluscos
por mãos avaras mais de ódio
mãos avaras mais de crime
E a carne dos meus poemas
a arder Lena sempiterna
no coval boquiaberto
dos meus sonhos resignados
Olheiras roxas, de fastio, já dominadas pelo Inverno
enquanto a mágoa deste Outono
vai já espalhando o seu porquê,
E o pássaro da loucura tremendo azul nas tuas pernas
delineadas por anões analfabetos
e psicotrópicos Lianovitch
Menina louca e piolhosa coçando o pêlo
azul do gato coçando o pêlo azul
do gato coçando o pêlo azul do gato
que é um gato moribundo
Mais um gato já moribundo
chupando a seiva dos teus seios
em dias loucos de psicanálise
a morderem-te nas tripas
PAULO JORGE BRITO E ABREU
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