Paulo Brito e Abreu.........

Ulisses Duarte: «In memoriam»

«Mens agitat molem.»  
aos Amigos «d'abaissé»

Com o coração a arder nas minhas mãos, eu remembro, com Saudade, o lume e lumiar de Ulisses Duarte: que em húmus ou no humo, pensava, este homem, que o Natal é notável, nativa a Natura. Que o Adão é da terra, e por isso a Cultura. Como todos os Mestres, tu eras um polido, tu eras, dessarte, um «Bateleur». Batalhando, labutando, laborando sem livor. E semeando, a sêmea da Palavra, à semelhança do «sema» e seminário das Letras. Pois na Casa do Ser, os vocábulos da verve eram tijolos e teores: teorizava, assim também, o Álvaro Ribeiro. Pois todo o gene quer o germe. E eu me alembro, entretanto, ter pensado, outrossim, que o Génio é ingénuo, e, por isso, generoso. Meu querido velhinho, as profecias cumpriram-se. Mitologicamente, a Palavra fez-se carne no Hermes, ou Mercúrio, hermafrodita. Ora aqui eis, aqui, uma elação da elite. Que a escola, para ti, é como a «schola» para os Antigos: ela é tempo do prazer, do recreio ou do lazer; e nós tivemos, por isso, o tempo livre, para cultivar e cultuar as Artes liberais; e era nossa, por isso, a celeste Agricultura. A Ideia, fulgurando, em Paideia solene. Considerávamos, nós outros, a nossa Filosofia: como já tinha sucedido com Agostinho Maldonado, o Messianismo, contigo, era pronto e era preste: era a lesta e Levante Logoterapia: tanto Agostinho, como Ulisses, pertenciam à escola da laica Teologia: e alembro Sampaio Bruno, Tobias Pinheiro e António Manuel Couto Viana. E ora sus e ora avante: direi eu finalmente, em letra de forma, que Morfeu enforma Orfeu, que formámos uma dupla nas Letras e levas Portugalaicas: e era nosso, o arteiro, do «Artes & Artes». E eu especulava, meu querido, eu era certo e sidéreo, e esquadrinhava, o sideral, com a ajuda de um espelho... Se o ser ou não ser nos remete, portanto, para a Ontologia, um dia, meu chapa, me assertaste, outrossim: «Acredita, mais e mais, no teu astro e tua Estrela; com a ajuda de Deus, não há nada, meu caro, que seja impossível...»

Que aos homens, é impossível, mas a Deus, tudo é possível. Será, no porvir, como o foi no passado: na estremadura, no Éter e espiritual, especulando, com o espéculo, as «Poalhas do Tempo». Laborando, na «imago», por a mancia do Mago. É plausível, na porta, o portal e o porto. O Poeta culto, porto culto, profundamente oculto. O polido, na «polis», e camoniano, a tertúlia vibrando em Tertuliano. Na novela, e «art nouveau», contigo é chegada, não a selva, mas a silva, a «Nova Silva», outrossim, do Leonardo Coimbra; que é chegado, em parabém, o tempo libertário. Um novo, e relevante, «rêve éveillé». Ou melhor: na liança, e liminar, o tempo, e o teor, dos livres-pensadores. Pois as cartas são as francas, as Palavras, arquitectas, em Númen, numeral, e nos Filhos da Viúva. E frescas, em rosário, bem frescas, as Rosas, no centro da Cruz. A Cruz e o crisol, a Cruz que tu amaste até ao caroável. Caroável, crucial - e eis, em Santelmo, o elmo e o leme, a Gramática, Secreta, da Língua Portuguesa. E se eras, quiçá, um Cavaleiro do Amor, meu amável tu foste, meu Amigo aqui estás na minha Biblioteca...........

 

Queluz, Novembro de 2010

 

AD MAJOREM DEI GLORIAM 

PAULO JORGE BRITO E ABREU