Com o coração a arder nas minhas mãos, eu remembro,
com Saudade, o lume e lumiar de Ulisses Duarte: que em húmus ou no humo,
pensava, este homem, que o Natal é notável, nativa a Natura. Que o Adão
é da terra, e por isso a Cultura. Como todos os Mestres, tu eras um
polido, tu eras, dessarte, um «Bateleur». Batalhando, labutando,
laborando sem livor. E semeando, a sêmea da Palavra, à semelhança do
«sema» e seminário das Letras. Pois na Casa do Ser, os vocábulos da
verve eram tijolos e teores: teorizava, assim também, o Álvaro Ribeiro.
Pois todo o gene quer o germe. E eu me alembro, entretanto, ter pensado,
outrossim, que o Génio é ingénuo, e, por isso, generoso. Meu querido
velhinho, as profecias cumpriram-se. Mitologicamente, a Palavra fez-se
carne no Hermes, ou Mercúrio, hermafrodita. Ora aqui eis, aqui, uma
elação da elite. Que a escola, para ti, é como a «schola» para os
Antigos: ela é tempo do prazer, do recreio ou do lazer; e nós tivemos,
por isso, o tempo livre, para cultivar e cultuar as Artes liberais; e
era nossa, por isso, a celeste Agricultura. A Ideia, fulgurando, em
Paideia solene. Considerávamos, nós outros, a nossa Filosofia: como já
tinha sucedido com Agostinho Maldonado, o Messianismo, contigo, era
pronto e era preste: era a lesta e Levante Logoterapia: tanto Agostinho,
como Ulisses, pertenciam à escola da laica Teologia: e alembro Sampaio
Bruno, Tobias Pinheiro e António Manuel Couto Viana. E ora sus e ora
avante: direi eu finalmente, em letra de forma, que Morfeu enforma
Orfeu, que formámos uma dupla nas Letras e levas Portugalaicas: e era
nosso, o arteiro, do «Artes & Artes». E eu especulava, meu querido, eu
era certo e sidéreo, e esquadrinhava, o sideral, com a ajuda de um
espelho... Se o ser ou não ser nos remete, portanto, para a Ontologia,
um dia, meu chapa, me assertaste, outrossim: «Acredita, mais e mais, no
teu astro e tua Estrela; com a ajuda de Deus, não há nada, meu caro, que
seja impossível...»
Que aos homens, é impossível, mas a Deus, tudo é possível. Será, no
porvir, como o foi no passado: na estremadura, no Éter e espiritual,
especulando, com o espéculo, as «Poalhas do Tempo». Laborando, na
«imago», por a mancia do Mago. É plausível, na porta, o portal e o
porto. O Poeta culto, porto culto, profundamente oculto. O polido, na
«polis», e camoniano, a tertúlia vibrando em Tertuliano. Na novela, e «art
nouveau», contigo é chegada, não a selva, mas a silva, a «Nova Silva»,
outrossim, do Leonardo Coimbra; que é chegado, em parabém, o tempo
libertário. Um novo, e relevante, «rêve éveillé». Ou melhor: na liança,
e liminar, o tempo, e o teor, dos livres-pensadores. Pois as cartas são
as francas, as Palavras, arquitectas, em Númen, numeral, e nos Filhos da
Viúva. E frescas, em rosário, bem frescas, as Rosas, no centro da
Cruz. A Cruz e o crisol, a Cruz que tu amaste até ao caroável. Caroável,
crucial - e eis, em Santelmo, o elmo e o leme, a Gramática, Secreta, da
Língua Portuguesa. E se eras, quiçá, um Cavaleiro do Amor, meu amável tu
foste, meu Amigo aqui estás na minha Biblioteca...........
Queluz, Novembro de 2010
AD MAJOREM DEI GLORIAM
PAULO JORGE BRITO E ABREU |