I
Se a Cruz é Tau da Sophia,
A Rosa, filho, é o Éter;
Vejo no mar, a Maria,
E na terra, a alma Deméter.
Vejo o Mercúrio dos Sábios
Ser Amónia e ser amigo,
E vejo que âmnio são lábios,
A Grande Obra é o trigo.
II
Na mais alta e leda serra
Existe o cavo e a cave...
E sei que o tálamo é terra,
E sei que a lava é a nave.
Que eu só quero o bom caminho
E no Querigma, a quermesse...
Se o Messias é o vinho,
O Pão da Vida é a messe.
NOTAS AO POEMA
I
Maria é Mater, a silva, a matriz e a
madeira, o material de que se serve, para a construção do mundo, o
Grande Arquitecto - e Ela é, outrossim, a Estrela do Mar, a Maia que
protege as crianças e as flores. Maria não é, alfim, a Libitina e a
lascívia, ela é o Eterno Feminino de que reza a Tradição. Mas qual,
dessarte, a matrícula, que lugar agora fica para a cava, a cortesia, o
Cavaleiro da Concepção? O responso e a resposta é, no lance, o seguinte:
a pena é a Cruz, a Cruz é a espada e a espada, o bisturi - e a Palavra é
como Verbo o pau da nossa lavra. O Liber Mundi, como livre, o livro e o
liberto - e a Fátima onde fulge a frol da Via Sacra.......
II
Se o Tau dos Patriarcas tem o valor
numérico de 400, a quinta-essência, o Éter ou o quinto elemento é a Rosa
simbólica no centro da Cruz. Na aparição ou parição que Deméter, a
Terra-Mater ou a deusa da fecundidade, proporciona, o amoníaco dos
Sábios é o Sal de Ammon ou do Carneiro: a ele se sacrifica, na Páscoa, o
Cordeiro de Deus, sendo «amníon», em Grego, o «vaso que contém o sangue
de animais imolados» e, além disso, a «membrana que envolve o feto». Ora
«amníon» deriva, na Sofiologia, de «amnós», que significa, precisamente,
«cordeiro», querendo o Autor, aqui, remembrar que a Água da Vida, o
líquido amniótico ou a Mãe Natureza é a nutrice e o natal de toda a
criação... Na caverna iniciática, depois, o Filósofo pelo Fogo celebra
os tálamos, ou as núpcias, do Rei com a Rainha, sendo a messe, o trigo
ou o Filho o mistérico Avatar para a vinda, ou advento, do Buda Maitreya.......
Lisboa, 17/ 09 / 2003
MENS AGITAT MOLEM
PAULO JORGE BRITO E ABREU |