Paulo Brito e Abreu
SÓ HÁ BOMBAS HIROXIMA

Fez ontem quarenta anos que certos homens-bardamerda

Te enfiaram uma bomba pelas saias acima

Quarenta anos durante os quais eles não choram mas sorriem

Quarenta anos de violência mas nunca de estima

Só há bombas, só há bombas, só há bombas Hiroxima.

 

 

Homens d’aço e cruel ferro e mente perturbada

Enquanto cá em baixo se labutava na vindima

Lançaram escarros sujos sob a forma de bomba

De bomba mais cruel que outra vez se aproxima

Só há bombas, só há bombas, só há bombas Hiroxima.

 

 

Fez ontem quarenta anos que certos homens-bardamerda

Com certeza fascistas, perturbados pelo clima

Destruíram uma cidade pela força do desprezo

E do ódio mais cruel que morava lá em cima

Pelas nuvens do desejo, pelas saias da prima,

Só há bombas, só há bombas, só há bombas Hiroxima.

 

Tomar, 1985

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU