Só este maldito Inverno
Num sol assim se refresca:
De seco se faz eterno
E não me deixa ir à pesca!
Mas se meu verso afinal
Vai assinado e com nome
E não chove em Portugal
Resta a seca, resta a fome
E do pouco que nos resta
De tão eterno perder
Sobrará o que não presta
E mingará o comer…
A lavoura à CEE
Requere a pedir esmola
Demonstrando como é
Real a seca que assola
Um país assim perdido
Onde afinal toda a gente
Canta o fado num gemido
Seja o tempo frio ou quente!
E sendo este povo assim
Tão choroso no cantar
Não lavra a terra e ao fim
Proibido de pescar
E mesmo já sem saber
No que pode trabalhar
Sem governo e sem querer…
Na seca vai sossobrar!
E apelando a Bruxelas
Da chuva que não lhe vem
Deixa água nas gamelas
De quem não bebe a que tem!
Pobre povo ignorado…
Pobre povo ignorante
Este que tenho a meu lado
E me julga tão distante!
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