Ó Átila maldito! Quem diria
Sentir-te um dia autêntico guerreiro?
Assassínio furtivo e cobardia
É gesto tão banal e corriqueiro
Que te faço aprendiz na tua arte!
A luta só se entende corpo a corpo,
Olhos nos olhos, briga em cortesia
Por vil acinte ou por remoque torpe
Que humano ser às vezes cometia...
Assim na guerra era o próprio Marte!
De ofensa recebida, por desforço
A espada saía da bainha
E um homem matava sem remorso
O outro que na frente de si tinha
Movido de Razão e pundonor!
Feita agora da Honra economia
Já da guerra se faz alta finança
E de aviões se faz artilharia
Que busca os inocentes na matança
Maior ainda quanto longe for!
Há velhos e crianças foragidos...
Pós terríveis que matam sem se ver
E vírus e venenos espargidos
Por desumanas mãos a esconder
A semente do Mal que nos aterra...
Destruição, peçonha, terrorismo
Ciência criminosa e disfarçada
No embuste, traição e vandalismo
Da gente vil, cruel, endinheirada
Que a troco do pão nos traz a guerra!
E para mais na droga misturada!
Morre o carteiro a meio da jornada...
O escultor a meio da escultura...
E o coveiro - oh! sorte desgraçada! -
Morre a cavar a própria sepultura...
E sem saber porquê morre a criança!
Já a TV transmite o bombardeio
E a Morte no jornal é reportada
Como se a guerra fora extremo meio
De paz e humanidade preservada!
Sofre o Terror os custos da vingança!
A guerra agora é só destruição
Vilania do fraco sobre o forte!
É o homem fazendo da ambição
Nos tremedais terríveis de Mavorte
Da própria humanidade a negação!
É guerra cimentada em vilania
Do Homem que na vida era romeiro
Nos caminhos da Paz e da Harmonia!
É guerra que alastra ao mundo inteiro
Sem um valor fulcral que valha a luta...
Ouçamos o Poeta que dizia
Num assomo final de só Razão:
Quando a guerra se faz sem Poesia
E um Homem vale menos que um cão...
Até Marte se diz filho da puta!
Almeir/2001
Guimarães
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