Sinto como imagino
que o sol se sente,
o sol buscando os
seus atalhos
no interior das
horas naturais, nos equilíbrios sem eixo,
sobre as sequências
de imagens, errando nas biografias
sem molduras, sobre
as silhuetas dos carros,
sem a fadiga de um
pequeno abraço ou a mudez
premeditada de um
delírio convalescente,
o sol explorando o
infinito da superfície vagarosa,
contornando a água
de uma lágrima, impalpável
e deslumbrante,
silenciosamente no caminho dos versos.
O sol que na aurora
apunhala a noite,
O sol que não
permite que os céus se colem,
O sol que movimenta
as transparências dos homens e mulheres,
O sol que apaga a
nitidez dos detalhes inúteis,
O sol que dá corda
aos pássaros e aos ruídos,
O sol poético, o sol
insone, o sol-ignição de todas as cores,
O sol eterno, o
sol-víbora, o sol que te estranha,
O sol que te ama,
O sol, o sol, o
sol...
in Instalação (a publicar em 2009) |