E as manchas de tinta iniciam uma tênue aparição e sua expansão caótica e transbordante pelos leitos desta folha
- um branco em movimento
São silhuetas de letras sombras em relevo fantasmas em sua fase terminal as primeiras garatujas onde inicia e conclui toda escritura a crista da onda que vibra ainda na espiral do caracol um elétron saltando no vazio e dizendo-nos em um segundo (menos dez zeros) que não há tal vazio um gato encerrado metade vivo: metade morto contando-nos seu último sonho quântico reflexos do tempo presente que é presente na implosão do instante o houvera: conjunção de verbos e silêncios a folha da árvore que em sua queda arrasta o bosque inteiro minha chama que nadar sabe apenas em teu fogo gotas do rio: holografias do poema que agora escrevo com tua mão
Formas flutuando: expírito de Deus
Para o poeta - a única folha em branco é seu próprio nada
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