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7 POEMAS INÉDITOS RECENTES
DE RODOLFO ALONSO
Trad. de Anderson Braga Horta

A POESIA DE RODOLFO ALONSO
por António Ramos Rosa

A voz de Rodolfo Alonso tem um acento de autenticidade iniludível. Discreta, lenta, como que distante, ela apoia-se nas palavras mais simples e quotidianas, nas locuções aparentemente mais insignificantes, como que para verificar a valor da linguagem, a resistência dos seus nexos. Esta distância que acentuámos é o sinal de uma intimidade e de um rigor. É que esta voz é sempre de alguém, de um hombre. Mas se o seu timbre não fere porque discreto, se o poema tende a resolver-se circularmente numa leve ondulação que se alarga até à beira do silêncio -- um mar maior donde ele emerge e onde retorna --, se, enfim, esta voz tem o peso grave da solidão, tem-o igualmente da responsabilidade que admiràvelmente nos é proposta neste dístico : los ojos que sostienen el mundo / no deben detenerse. A solitud deste poeta não é um obstáculo à comunhão fraterna, dir-se-ia até ser condição dela. Seja como for, nao há aí comprazimento nem renúncia, mas o gosto acre da consciência em tensão com a existência, a tensão própria de quem procura o justo equilíbrio, o verdadeiro centro da realidade, onde as diferenças acidentais se anulam para deixar lugar à diferença essencial, à verdadeira presença do eu ao mundo e aos outros. Uma poesia que na sua contensão e na sua elegância não escamoteia os dados dolorosos da condição humana e nos convida a uma presença a um tempo mais autêntica e mais vasta é uma poesia que não pode deixar de nos interesar porque capaz de dar toda a medida da dignidade humana e do duro ofício de viver do mundo de hoje.

Rodolfo Alonso. Poeta, traductor y ensayista argentino. Fue el primer traductor de Fernando Pessoa en América Latina. Premio Nacional de Poesía (1997). Orden “Alejo Zuloaga” de la Universidad de Carabobo (Venezuela, 2002). Gran Premio de Honor de la Fundación Argentina para la Poesía (2004). Palmas Académicas de la Academia Brasileña de Letras (2005). Premio Único de Ensayo Inédito de la Ciudad de Buenos Aires (2005). Premio Festival Internacional de Poesía de Medellín (Colombia, 2006).