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REY ANDÚJAR............. |
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Isola de Câncer |
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Poemas do livro inédito isola de câncer
de
REY ANDÚJAR
tradução: maria alzira brum lemos |
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II. A TERNURA |
assim chega tua boca
sem muita gritaria
assim chega teu braço
suavizando melodia
assim vem tua cintura
relâmpago de riacho
teus ojos
tua valentia
teu cenho
e este touro que te cresce pelas veias
celas
fogo
neves
espelho
assim chegas
fúria
sem corpo por dentro
te despede
covarde
delineando a dedo o sal. |
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III. CIDADÃO PARALELO |
era outubro
a manhã puxando seu verão
Como intuí-lo?
“Por favor, entre, senhor.
Seu cheque está para ser assinado.
Sentimos muito, mas o senhor já não trabalha conosco.”
[e eu
murcho
um deserto no bucho]
sabedoria de minha mãe:
“há um diabo escondido em cada punhado de Caribe”
era un homem
era outubro. |
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XI. OS MISTÉRIOS DO PÁSSARO PEQUENO |
mentimos com a desculpa de que temos que empacar vivemos
uma calma assustada
esburacando
o pesadelo alheio
Caribe
Caribe
o reclamo da mordida
colocada para que lhe arrebatem
e se cheire as axilas perguntando quem
nos injetou esta pressa
a única mão com que lhe posso tocar está construída com o material das
nuvens e do
esquecimento
quero que deixe de sorrir e que me beije
deixe tudo e me tranque com você no quarto de mapas e migalhas quero
que confirme que o sul existiu quero
mas
mas
lhe reclamam escritórios, lojas de departamentos, farmácias secretárias
telefones
mensagens de correio eletrônico mudanças advogados bancarrotas migrações
policiais
cães de aduana taxistas oenegês cooperantes internacionais CNN em
espanhol
seringas chicotadas de fumaça trancos de pó
não para evitar os gritos nos punhais mas para guardar nesta mão tosca
os mistérios
do pássaro pequeno que bica seu esterno desde dentro
já não sirvo para fugir
agora vou como turista para a ilha podre
o amor que lhe faço no chão deste muquifo
a colônia despejada
e
com os olhos fechados se enfrenta ao sol
fora
um eviction letter
os golfinhos traçam até onde nadar. |
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XII. PETÚNIAS |
Encolhemos hinos e ciganas
no paraíso anão
todo corpo caribenho é
ternura de corrosões
trovão disparado de merengue
calibaneses coribantes pleneros bachatúses
todos nós bracejamos sequenciando gigantes e moinhos
de lábios avantajados en sucção camaleônica
com seu golpe intermitente na rachadura
lança de nervo
aqui
abrasando-nos como iguanas
rostos em morenagem
costas de azougue
mastigando a cota de salitre
em bairros convertidos ao catecismo
do daydreaming em sancocho e alegria
nos falam de um river
de um development of a succes
e nós carifrescos: viemos para que nos cheirem os cachos
somos o anjo que pressiona o aguaceiro
esferas de cana seca
fora ossos
grito? nem a meias
três respiros
bang
nos reincorporamos às esquinas e aos ferros |
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rey emmanuel andújar
(santo domingo, 1977) é escritor, ator,
dramaturgo, performer e pesquisador. Autor de vários títulos de
narrativa, entre eles: candela
(Alfaguara/Prêmio PenClub PR de novela, 2008) e
amoricidio (Premio
Internacional de conto Feira Internacional do Livro de Santo Domingo
2007). Sua performance ciudadano
cero fez parte da seleção oficial do Festival Internacional de
Teatro Santo Domingo 2006 e foi escolhida para inaugurar o Teatro
Victoria Espinoza como parte do Festival Internacional de Teatro
Porto-riquenho 2007. Um dos mais inovadores autores caribenhos da
atualidade, vive em Porto Rico onde desenvolve pesquisa sobre corpo e
escritura.
Mantém o blog
http://amoricide.blogspot.com/ |
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