:::::::::::::::::::::LUÍS COSTA::::::::::::
Visitação

Por vezes um abalo telúrico
Corre-me pelo sangue

É como se Beethoven cavalgasse
Pelos bosques, tocando nas
Cordas dos canaviais

Pressinto que algo está para acontecer
Algo de maravilhoso
E fecho os olhos
Como quem lava o rosto
cansado dos dias

Nos cabelos das ciganas há sinais
Estranhos
e os olores dos seus
Segredos rolam, rodopiam
Pelas campinas

Um trote de cavalos, muito antigo,
Ouve-se dentro do crepúsculo
Ainda molhado
De verão

Com os cotovelos sobre o peitoril
Do silêncio, encontro-me
visitado