LUÍS COSTA:::::::::::::

Era um pássaro

Era um pássaro alto como um mapa 
e que devorava o azul 
como nós devoramos o nosso amor.
                             Cruzeiro Seixas
 
 
 
Era um pássaro alto como um pedaço de carne 
que devorava a noite 
como nós devoramos o amor.
 
era um pássaro com uma careta absurda,
mas dentes brancos 
que fazia correr o sangue das estrelas. 

 
era o pássaro negro.
 
o pássaro que nos acordava ao meio da noite 
e levava nas asas da vigília 
por entre relâmpagos e flashes de sonhos.
 
nós, entregues ao jogo do amor: 
os nossos corações batiam e batiam
os corpos eram lâmpadas miraculosas.
 
por fim, o pássaro entrava em nós 
e morria, depenado morria 
no fundo dos nossos corações.
 
lá fora: o sol batia à porta 
mas nós não o deixávamos entrar.
 
René Magritte: Gaspard de la nuit, 1965

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.