I
Sim, eu sei, sim, eu SEI - TE,
ó mais bela flor do
meu jardim selvagem!
pois habitámos um
tempo lacustre,
um tempo antes do
tempo,
e amámo-nos no
pontão, lembras-te?
lembras-te das
grandes árvores
pesando-se no vento,
como elas nos
protegiam de Hyperion
(quando queimava) ?
e eu, eu era uma
água secreta
que brotava das
profundezas da terra
e sussurrante subia
pela tua geometria
e incendiava o teu
colo,
o teu colo
perfumado,
os teus peitos com
doces mamilos hirtos,
até transbordar nos
teu lábios
– ah como as nossas
bocas se mordiam!
ah como os nossos
corpos
naufragavam um no
outro!
era uma noite
iluminada,
uma noite sem fim,
só nossa,
com um luar
crescente - só nosso ! -
onde depois do amor
adormecíamos,
duas ânforas
repletas de um vinho secreto.
II
Um dia faremos amor
entre os livros
e as pinturas, até
que os livros
e as pinturas se
incendeiem com
o lume dos nossos
corpos.
um dia hei-de beber
um vinho forte,
cor de sangue, pelo
teu colo,
pois desejo-te, pois
desejo-te
sismograficamente,
pois desejo todo o
teu corpo, o teu sexo...
por vezes, nas
minhas divagações
nocturnas, imagino
que beijo o teu sexo,
sim, que o lambo
como um fogo
devastador.
e sinto os teus
dedos ávidos de
limites no meu cabelo,
e os teus gemidos
fazendo vibrar a noite,
a nossa noite,
a GRANDE NOITE,
com uma lareira onde
o fogo arde
alto
e
poderoso.