LUÍS COSTA:::::::::::::

Um poema de Tomas Tranströmer

 
PASSAGEM

O vento gelado bate nos olhos e os sóis dançam

no caleidoscópio das lágrimas quando atravesso

a rua, que me seguiu durante muito tempo, a rua

onde o verão da Gronelândia cintila nos charcos.

 

À minha volta vagueia toda a força da rua

que não se lembra de nada e nada quer.

Na profundeza do solo, por baixo do trânsito, a floresta

não nascida espera, silenciosamente, durante mil anos.

 

Tenho a ideia de que a rua me vê.

O seu olhar é tão escuro que até mesmo o sol

é um novelo cinzento num espaço negro.

Mas agora eu brilho, e a rua vê-me.

 

 ( Versão portuguesa de Luís COSTA )

 
 

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.