LUÍS COSTA::::::::::::

ENTRE A LÂMINA E A MÁSCARA
1- LUZ OU TREVAS

A NOITE DOS ASSASSINOS

os meus ossos tremem
na cabeça gera-se uma tempestade
mapas desfeitos
um fresco de Leonardo
apodrecido entre dedos inacabados
varais de solidão
e equilibristas
à beira de visões abismais
e pantominas

seus veios distorcendo a eternidade


oh glória de poder tocar as coisas
com a faca dos nervos!
de as sentir por dentro
como um suave veludo
ou uma lâmina enterrando-se na vulva
de mulheres possessas


oh memória em pó!


tempestades de areia levando consigo
os últimos redutos dos velhos guerreiros,
a charrua e o lavrador,
os véus da princesa de cristal
e torres que vão caindo,
fantasmagóricas,
nas mãos dos generais da imbecilidade,
e com elas a natureza vai-nos mostrando:
as garras dos tigres
os olhos em fogo
o grande escarro no silêncio das janelas
de deus,
o seu último grito
no côncavo das mãos masturbadas dos cardeais,
a aurora

manchada de bandeiras negras
e braços enlutados,
disparando luvas de rainhas mortas
por entre risos sardónicos,
húmidos como a dor dos anjos ...


que dor é esta?
que fizemos?
como fomos capazes de sorver a última gota da Fonte ?


ah
este veneno que nos arde nas entranhas
com a brutalidade de barbáricas hordas de carniceiros
este sangue podre que  invade as manhãs dos remotos jardins
esta raiva que lança fogo às casas lacustres
sem outro desejo que não seja

 

- destruir!


que é feito da hora do amor?
que é feito daquela tremenda  força que nos estalava no peito
como um bom ciclo menstrual?


por todo o lado
corpos e almas violentadas,
a astúcia do cifrão,
o bezerro de ouro que encontrou de novo o seu lugar
e em vez das estrelas
um céu repleto de vazio
onde um barco naufraga,
obscuro,
destruindo-se dentro de si mesmo,
talvez um último sinal,
um grão

de esperança para os que vierem...


mas
as sombras já se arrastam por entre as
ruínas dos templos futuros

e o sangue corre  borbulhante pelos açougues...

 

- é a noite dos assassinos!

 

nem asas nem risos de crianças
só uma estátua decapitada no centro da praça grande

sombras  que descem até nós
ao corpo
às veias
à boca
ao palato
ao sexo inchado
ao conceito da alma,
qual uma cobra-capelo entre arrozais à procura de um naco de terra,
ou uma dança de desejos enlouquecidos
na língua de um pároco de aldeia,
e os sinos das igrejas tocam
dentro das pedras
e em nossos peitos

 trementes
pulsa a angústia de não sabermos se somos
ou quando somos,
a angústia de raças  sinistras
torturando
matando
copulando

banhando-se nas águas sujas de sangue,
limpando as mãos a toalhas de puro linho
a horas escuras,
e dizendo:

“ daqui lavamos as mãos! “ 

................................

..............................

...........................................

 

e em gritos orgiásticos,
a multidão vibra
 

E DE JOELHOS

                    AGRADECE

POEMA DO VIANDANTE

In memoriam:

Frederico Hölderlin, Sebastião Alba

Casas de ramos de palmeira,

compartimentos desfalcados pelas chamas dos arcanjos

o centro

o deserto

é aqui que me sinto em casa

é aqui que a minha canção vibra nas cordas

da MULHER-FLOR

é aqui que o homem da chuva

ilumina as fontes com suas magníficas harpas


um quintal

ao centro maravilhosas cisternas

que flutuam no espaço

a água que corre pelos bicos dos pássaros

para que a chama dourada do seu voo penetre a vida

para que as minhas 7 irmãs acordem dos sonhos distantes

das pirâmides soterradas nos antros da imaginação

e brilhem como os metais

e povoem de novo este lugar

e aqui montem as suas tendas

e ergam altares e oráculos

e de novo

nos novos templos

os deuses encontrem a paz desejada.


ah!

 

deixai-me descer aos precipícios de mim mesmo

ao seu verde de música sinfónica

à escuridão do seu musgoso centro;

na chama destruidora

deixai-me olhar o terror da realidade

sentir o doce pesar da agonia no coração,

o seu estilete perfurando os recifes da pele

a confusão das grandes metrópoles

na carne


eu sei! eu sei!

é preciso ter-se um coração de cristal,

um arnês no meio da testa,

é preciso ser-se corajoso

qual o valente guerreiro que enfrenta a morte

de cabeça ao alto

é preciso saber-se dançar ao ritmo da corda bamba

como os nativos

ou os neófitos de Dionísio

 

mas esta é a minha vontade

soldada a ferro e fogo na troca dos anéis sagrados

a vontade do meu amor pela vida

a vontade de quem não conhece o repouso

nem o descanso dos homens fartos


serei um filho pródigo,

um Prometeu libertado em correntes

uma bússola na mão de um explorador desvairado

uma múmia ao canto de uma estrada

um revoltado sempre em revolta

que não mais voltará à casa de onde partiu

pois que bebeu do vinho dos mortos

a noite santa

pois que conheceu Sísifo pela madrugada;

serei a taça que os sacerdotes passam de mão e mão

e renegarei a minha terra

ao canto do galo

três vezes a renegarei


porém

estará sempre presente no meu coração

no interior da ferida aberta

e ali escavarei um túmulo só para ela

com um altar de finas conchas

e em cima

um verso de letras murmurantes


esta é uma escolha pesada

eu sei

para os homens - cifrão um absurdo

mas é a minha escolha.

a escolha de um homem

que como fronteiras só conhece os muros do vento

que habita o cerne da liberdade

liberdade tomada a peito

tornada palavra

sem concessões ou documentos timbrados

liberdade mais alta do que todas as torres humanas


porque monstruosa

porque pura

porque vinda da alegria e da dor

dos grandes espaços brancos

 

das tendas

 

– de quem segue de terra em terra...

EXÓRDIO

Respiram-se os pulmões pelas antecâmaras

sou eu ainda entre estes negros juncais

quando os barcos rompem constelações;

Sou eu ainda quando o sol cai, vertiginoso,

para fora das entranhas

 

Um dia hei-de cantar nestes púcaros de barro

a solidão de monstruosos céus

cada metal que a seu tempo me feriu os pés;

Um dia hei-de, junto ao tanque de Bashô,

cuidar das feridas com o mais puro azeite

ADÓNIS

Na obscuridade da vertigem, Adónis, descobres

que mais não és que um equilibrista na corda bamba.

Do fundo do abismo o vazio espreita-te: os olhos 

dois faróis em sangue, a língua sobre o lábio infernal...

Ah! Adónis, nem o pistão da beleza te salvará dos
vermes que um dia farão ninhos nos hospícios da tua carne.

Ainda que Vénus te ame e proteja com suas válvulas,
Thánatos virá ao teu encontro  

E de ti só uma recordação estilhaçada ficará

(Uma anémona, talvez, que se alimente do teu estrume,
ou a presença da ausência no pus da ferida.)

IMPRESSÕES DO OUTONO

1

De súbito, o cadáver de uma corça,
o olor inesperado da morte.
Infinitas constelações. Olhos
de animais que nos espreitam por
entre o arvoredo, desconfiados.

Espelhos de musgo onde ninguém mora.
Velhas lendas que se acordam
nas encruzilhadas,
assim que o sol se esconde
e o farol da geada ilumina o sangue 

no corpo do vermes.

2

Sempre que o Outono chega
a fome das estrelas

ataca-me o palato
 

Ah!
 

As folhas douradas
os melros em flamas
a pedra vermelha dos lagares
 

e o cheiro do vinho novo
no fim da tarde

- um céu estilhaçado

3

Portas que se abrem e fecham
o dia inteiro,
constelações que moram na orla
do bosque,
nas tendas secretas.
E de súbito,
a meio do atalho,
uma corça morta,
o inesperado flash da morte
na película do vento.

Ao fundo,
sob o céu dos canaviais,

as flores do sonho.

OMNIUM SANCTORUM

por vezes, as sombras jorram-me dos ouvidos
e inundam-me a face, escalpelada, sem máscaras
que a protejam da chaga interior.
o véu de Maria Madalena encobre-me o coração
como tempestades num mar encarcerado

depois, enormes garranchos erguem-se dos campos,

são curto-circuitos no vazio

O CADÁVER

em cada maneira de morrer o rosto

deixa de ser o conteúdo  na máscara

a memória esvai-se pelos poros do

nada, sem rosáceos suspiros

 

( sabe-se que um dia, ali, morou a identidade

- a noite enchia o vazio)

2 -  VARIAÇÕES RIMBALDIANAS *

A mim

que inventei histórias e lendas de fantasmas
no tempo em que fui vendedor de armas na Abissínia,
em que as minha pernas ainda tinham a dureza dos bons varais,
a mim

que fiz da poesia carne,

que fiz de cada palavra um relâmpago de sangue,

um festim onde corria o leite e o mel,

a mim

que fui abandonado pelos remadores,
que, sozinho no barco bêbado, singrei

por universos impassíveis,

que perdi a chave do antigo império

onde se guardam as jóias dos antepassados
a mim

que pincelei florestas de signos na tela do luar,

fósseis de voragem nos corpos das mulheres ,
que respirei ouro profundo nas asas das borboletas 

que inventei formas exemplares feitas do granito de velhas visões
a mim

desregrado de todos os sentidos,

tatuado pelo dedo hebraico,

cravado na crista do dilúvio de olhos pretos e crina amarelada,
no limite das fronteiras carnais,

entre arame farpado ou um paraíso de sonhos hieroglíficos,

entre cintos rutilantes ou uma velha castidade,
 a mim

 herege ou vidente,

que bebi de todos os venenos a sua quintessência,

que comi da hóstia de cristo o desespero de deus,

 a mim uma palavra ou uma luz

 

 Ó pleine lumière! Liberté de parole

 

a mim

um cometa de sal nas entranhas do tempo

 

ó tempo dos assassinos!

 

E  assim

a mim regresso,

a esta hora obscura, mas gloriosa,

as mãos feridas, mas abertas para o mundo,

as mãos feridas

 como uma bênção nas harpas da perdição

ou um rio que dorme no deleite dos seus favores

2  

Dizei-me:  

que badaladas serão estas?
 

sinos de bronze na tarde plástica de alberto caeiro?

pesadas correntes nos aposentos de nerval?

 

serei eu quem fala

ou será a voz de um dos meus filhos?

filhos de bárbaros desertos

onde os relógios escorrem como queijo derretido

filhos de céus vertiginosos e vingativos caindo por salmos de rodopios,

esmagando-se contra rochedos,

filhos como anjos bebendo da baba de deus a bílis secreta,

a divina tentação,

o doce pecado na ponta da língua,

filhos  do ritmo do caos e da desordem

 

serei eu quem inspira o tumulto desta brancura?

o reverso deste olho vazio de deus?

esta faísca que cose as bainhas da minha carne?

 serei eu?
ou será a garganta descarnada do meu avô no leito da morte

agarrado a fantásticas máquinas de costura cavalgantes,

agarrado a uma  luva de cíclicas  nervuras secretas

 

ó luminoso oceano da voz,

 maré que te espraias,  teologicamente,  pelo mundo

até à soleira da minha porta,

pleno vazio ou tábua rasa que se ergue à hora da morte nas corolas do aço ,

vem! entra!

entra todo, integro, completo, de uma só vez,

entra pelas fechaduras cervicais 

explode-as

entra em mim, toma-me todo

vem! 

com peixes dourados, felinas garras, barulhares de cavernas,

fabulosas jubas,

búzios

 gaivotas miraculosas

vem !

 com o círculo secreto do cavalo onde cresçam rosas pelo interior

da sua  forma,

     onde se  ornamenta o corpo

                            com os arcos do teu vigor cíclico

 

  E agora

que regresso pelos ossos do teu centro

a mim mesmo, à minha casa,

 revejo-me nesta tela de aves reais que me inventa e ignora,

revejo-me no mergulhar da magnifica rebentação,

nas raízes redondas,

no rolar dos peixes,

nas rodas em desatinos crepusculares

revejo-me,

mapa-múndi ou serigrafia secreta,

 pobre aleijado,

 sem uma perna,

         os olhos vidrados,

vitrais de catedral

    ou  braços fugindo pelos ares,
fissuras perpetuadas na santa folha do tempo,

            e provo o tosco nó das uvas, 

a fervura do  mel

 

 para que um dia se faça um clarão na crusta do nada,

 

              - um buraco de luz na cicatriz do grande silêncio. 

A mim

que escrevi histórias e lendas de fantasmas
no tempo em que fui traficante de armas na Abissínia,
em que as minha pernas ainda tinham a dureza da boa madeira
em que ainda  perfuravam os dias com a virilidade da flecha,

a mim

que fiz da poesia carne,

que quebrei cada palavra num relâmpago de sangue,

num festim onde corria o leite e o mel,

a mim

que fui abandonado pelos remadores,
que, sozinho no barco bêbado, singrei por universos impassíveis,

que perdi a chave do antigo império onde se guardam

as cinzas  dos antepassados
a mim

que cinzelei  florestas de signos  fantasmagóricos na tela do luar,

fósseis de vertigens  nos corpos das mulheres ,
que respirei metais  fundidos nas asas das borboletas 
 a mim

desregrado de todos os sentidos,

tatuado pela voragem do  dedo hebraico,

cravado na crista do dilúvio de olhos pretos e crina amarelada,
no limite das fronteiras carnais,
a mim

 herege ou vidente  que bebi de todos os venenos a sua quintessência,

que comi da hóstia de Cristo o desespero,

entre arame farpado ou  parafusos  de sonhos hieroglíficos,

entre cintos rutilantes ou uma velha castidade,

 a mim

 uma palavra ou uma luz cervical

 um cometa de sal nas entranhas do tempo

 o sangue dos astros,

esta cicatriz que me fecha o peito,

 

a mim,

uma noite que me queime até à medida da alma, 

a ave morta nos orifícios do nada

 

e assim

a mim regresso  nesta hora obscura

à medula do vazio dos  ossos,

 ao núcleo redondo e secreto do ser,

uma bênção nos nervos  da perdição

uma  seiva fluorescente no  grito do grande silêncio 

 

 - Ó pleine lumière! Liberté de parole

    Lembro-me do tempo em que fui traficante de armas na Abissínia, em que as minha pernas ainda possuiam a dureza dos bons varais, em que ainda perfuravam os dias com a ganância da pura seiva, lembro-me das histórias e lendas de fantasmas que inventei, que apontava no reverso das facturas besuntadas, de como da poesia fiz carne, de como de cada palavra fiz um relâmpago de sangue, um maravilhoso festim onde corria o vinho e o leite e o puro mel

– ó pleine lumière!  alchimie du verbe.  liberté de parole. 

    Lembro-me de certa tarde, quando descíamos o rio, e me vi de súbito abandonado pelos sirgadores, e sozinho, ao deus dará, no barco bêbado, singrei por universos impassíveis, por espaços siderais, onde perdi a chave do antigo império, onde me libertei das cinzas dos meus antepassados, onde cinzelei florestas de signos fantasmagóricos na terra do luar, fósseis de vertigem e raiva nos corpos dos peles-vermelhas, onde respirei profundos metais nas asas das borboletas

    E desregrado de todos os sentidos, tatuado pela voragem do dedo hebraico, cravado na crista do dilúvio de olhos negros, no vento da crina amarelada, no limite das fronteiras sem faróis, descobri-me nu, todo nu, herege ou vidente ou pecador; e bebi de todos os venenos a sua quintessência, e comi da hóstia de Hermes o delírio do fogo, este pão de arame farpado ou parafusos egípcios, esta carne de sonhos hieroglíficos, este chicote rutilante nos olhos, esta velha castidade com cornos nos dedos. 

    Depois, tomei da palavra a luz cervical, da diástole das estrelas a loucura, e avistei cometas de sal nas entranhas do tempo, e vi céus explodirem raios, trombas, ressacas e correntes nas infinitas noites, noites queimando-me a carne até à medida da alma, arrancando aves mortas dos orifícios do orvalho, enterrando-se no corpo dos animais até à medula dos ossos;

e pela alba fogosa regressei a mim, fraco e ferido,  sem uma perna, assim regressei a mim, a esta obscura hora, ao núcleo redondo e secreto do ser, como uma bênção nos nervos da  

maldição, um vómito ou uma sombra iluminada no grito do grande silêncio ou um rio que se alonga num  deleite de telhas quebradas, quando o selo de deus enlividece as janelas.

5. 

A mim, que inventei histórias e lendas de fantasmas
no tempo em que fui vendedor
de armas na Abissínia,
em que as minha pernas ainda tinham a força de um vulcão,
a mim, que fiz da poesia carne, que fiz de cada palavra
um relâmpago de sangue,
a mim, que fui abandonado pelos remadores,
que, sozinho no barco bêbado, singrei por entre
universos impassíveis, que perdi a chave do antigo palácio
onde guardávamos as jóias
dos nossos antepassados...
a mim, que pintei modelos na tela do luar, no colo das montanhas,
nas asas das borboletas igníferas,

 corpos exemplares no granito das minha visões...
a mim, desregrado de todos os sentidos, na crista do dilúvio
de olhos pretos e crinas amarelas,
entre o limite das fronteiras carnais, entre arame farpado
e um paraíso de sonhos possíveis...
a  mim... dizei-me, que badaladas serão estas?
sinos de bronze na tarde plácida de Alberto
Caeiro? ou pesadas correntes dentro dos aposentos de Nerval?
já não sei se sou eu quem fala
ou se será a voz de um dos meus filhos, filhos dos áridos
desertos; já não sei se sou eu quem respira sofregamente
ou se será a garganta do meu bisavô,
que sofria de bronquite asmática, no seu leito de morte.
o mar espraia-se, teologicamente, até à soleira da minha porta,
e sem que eu me aperceba entra todo,
todo, de uma só vez, pela fechadura...
peixes dourados e búzios nunca antes vistos saltam
em volta do meu leito...
vejo-me ou imagino-me na tela de mim mesmo, mergulhado
na rebentação das ondas,
sem uma perna, os olhos vidrados, vitrais de catedrais,
perpetuados para serem clarões e cometas
no meio da noite do nada, no grito do grande silêncio.

*Escrito durante a leitura do livro bilingue "Iluminações Uma cerveja no Inferno", de Jean- Arthur Rimbaud, em tradução de Mário Cesariny.

Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de  Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.

Depois de passar três anos  num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo.  Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.

Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.

http://oarcoealira.blogspot.com/