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NO CIRCULO DO CENTRO
Luz no círculo |
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Repousa no
espaço da noite. Repousa.
Vê as estrelas
dançando nos pinheirais.
Vê os lagos que se recolhem ao vazio.
O vazio de todas as coisas:
o fundo milagroso onde o centro existe.
Porque tu ainda és uma flor submersa,
porque tu aprendes a língua dos sonhos.
Enigmas de obeliscos nos corpos das
sombras,
projecções de encontro à parede...
por trás dos cortinados um hieróglifo
carnal,
um silêncio,
o sangue do cântico nas águas do regato.
Deixa-te levar no fluxo do círculo
polifónico,
deixa-te rolar pelo moinho das coisas.
Mais leve que a pena, desce a ti.
Febril como uma bailarina entre rosas,
a mão toca as coisas e ao tocá-las
transforma-as.
Nada é o que já foi.
As palavras são espaços redondos, frutos
que se
geram na luz dos sentidos...
Agora, aprendes que definir uma rosa é o
mesmo
que definir o mundo. |
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Arte de navegar |
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Lembro-me
de quando subíamos, lado a lado , a colina.
Chegados ao cimo, junto à choupana,
atirávamos
as mochilas ao chão e inalávamos do azul
o sol,
ou do cinzento a chuva.
E a tarde, ferida pelos nós da aves, era
uma caravela de
velas pandas, onde inventávamos travessias
de mares
calmos, ou
furiosos, nunca de antes navegados
“ em perigos e guerras esforçados, mais
do que prometia a
força humana. “
Depois, esgotados, mas contentes
atracávamos em seguros portos de terras
míticas e lendárias,
para lá da Taprobana.
L. C., Züschen
21 de Março de 2009 |
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Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.
Depois de passar três anos num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo. Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.
Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado.
http://oarcoealira.blogspot.com/ |
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