I
No teu corpo e no meu
as estrelas brilham,
Acelaradas e dispersas
pelas eras
rebentam com os compassos
enlouquecem as bússolas
E a tua boca é um relâmpago
em leite
que eu recebo, entregue,
na tigela do meu peito
e uma hélice de desejo
liberta-se das minhas entranhas
e penetra o húmido
centro de ti
e assim abolimos todas
fronteiras que nos separavam
e assim
com uma rosa entre os dentes
de novo
o amor cresce
II
Desejo-te:
vejo-me, os olhos semiabertos,
beijando-te os lábios
e as faces rosadas,
beijando-te o suave pescoço
E descendo
mordo-te os peitos,
duas belas romãs,
os seus retesos mamilos
e no teu umbigo invento
fantásticos minaretes
Nos nossos lábios moram
palavras hieroglíficas
palavras vulcânicas...
E entre as tuas coxas,
entregues
ofereço-te a sabedoria da minha
língua
e tu gemes,
contorces-te,
e num ansioso grito de luz
explodes na minha boca |
Luís Costa nasce a 17 de Abril de 1964 em Carregal do Sal, distrito de Viseu. É aí que passa a maior parte da sua juventude. Com a idade de 7 anos tem o seu primeiro contacto com a poesia, por meio de Antero de quental, poeta/ filósofo, pelo qual nutre um amor de irmão espiritual. A partir dai não mais parou de escrever.
Depois de passar três anos num internato católico, em Viseu, desencantado com a vida e com o sistema de ensino, resolve abandonar o liceu. No entanto nunca abandona o estudo. Aprende autodidacticamente o Alemão, aprofunda os seus conhecimentos de Francês, bem como alguns princípios da língua latina. Lê, lê sem descanso: os surrealistas, a Geração de 27, Mário de Sá-Carneiro, Beckett, E. M. Cioran, Krolow, Homero, Goethe, Hölderlin, Schiller, Cesariny, Kafke e por aí adiante. Dedica-se também, ferverosamente, ao estudo da filosofia, mas uma filosofia viva. Lê os clássicos, mas ama, sobretudo, o poeta/ filósofo Nietzsche, o qual lera pela primeira vez com a idade de 16 anos : "A Origem da Tragédia" e o existencialista Karl Jaspers.
Mais tarde abandona Portugal rumo à Alemanha, pais onde se encontra hoje radicado. |