.. Inês,
ovelha mansa, como diz Ruy Belo,
que fizeste?
que horrível pecado cometeste
para que o fio do punhal te cortasse a garganta?
Eras bela,
assim nos dizem os poetas
e os cronistas e também os ficcionistas:
Tranças negras,
olhos macios como uma rês,
peitos duros, cinta estreita,
coxas musculadas, bem- feitas�
Inês,
o teu sorriso iluminava a noite medieval,
eras uma estrela, entre os choupos de Coimbra,
à beira do Mondego.
Foi por isso que tiveste de morrer?
Ou terás sido uma mártir
em honra da Independência,
ou talvez em nome da vingança
ou de qualquer
realengo ciúme?
Quem saberá o porquê,
o real porquê da tua tragédia �
Inês,
da fragilidade dos factos
uma mais alta verdade ficou: o mito,
aquele nada que é tudo,
e na fonte da tuas lágrimas
uma estrofe de Camões e água fresca a correr.
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