Entre o gesto e o espaço
ou o tempo amadurecido
entre as maças rosadas
ou explosões de marfim
entre o que me penso
e a memória de mim
Entre rebentos deliciosos
ou as furnas dos corações
entre mulheres coroadas de rosas
ou as constelações do sexo
entre a luz dos girassóis
ou fantásticos limoeiros
Entre as espáduas do ribeiro
ou rodas que rodam no templo
entre arcos de silêncio
ou bocas estupefactas
entre as roseiras em flor
ou o Jardineiro cantor
Entre búzios, dioramas,
ou escamas de peixes antigos
entre idades perdidas
ou navios afundados
entre castelos de solidão
ou palácios inventados
Entre o que sente o peito
ou o rio que o divide
entre o grande rei eleito
ou o dia do regicídio
entre a pia baptismal
ou o rumor sepulcral
Entre os seios venusianos
Ou cânticos sabastiânicos
Entre ninhos tempestuosos
Ou orações nos desertos,
Entre capítulos falsificados
ou suicídios perfeitos
Entre o futuro e o passado
ou aquilo que nunca foi
entre a visão de uma flor
ou o último filme de horror
entre o cá e o lá
ou a teoria lagostina
Entre a lógica exterior
ou o sentimento interior
entre a questão e a resposta
ou a porta meia fechada
entre Shakespeare e Einstein
ou o que não é revelável |