Hoje trago em mim o delírio
Das cascatas e dos desertos,
Os zunidos dos gafanhotos
E os guilhos dos mosquitos,
Também o ouro do trigo
na pedra da luz, já moído
Hoje vou mergulhar o meu
Corpo ávido de fogo nas
Entrenhas da terra, hoje vou
Incendiar o mundo, vou ser
Pássaro ou astro ou um mastro
No mar sem fundo
XI
Desenrolo o casulo
das palavras
Molho-as na ponta
da língua
Saliva branca
de sangue
O mar,
ainda há pouco vazio,
enche-se |