Esta tarde chove, chove como já
Há muito não chovia
Já não há nada, já não há nada
Que ainda me satisfaça
As faias ocultam-se entre a
Febre dos machados
O gato Benito dorme, desassossegado,
No meu colo
César Vallejo grita-me, lá de longe,
Do fundo dos rios peruanos:
Hay Golpes en la vida tan fuertes...
Yo no sé!
Que é feito do amor? Daquele amor
Eluardiano que nos aquecia as entranhas ?
Que é feito das palmeiras e
Das madressilvas?
Hay golpes en la vida tan fuertes...
Yo no sé!
Ah! como as pedras dos dias se
desfazem, uma a uma, em fumo!
E os móveis tornam-se virulentos,
E os livros – tão amados ! – cegam-me.
Há um engarrafamento dantesco
no céu das almas puras.
Sim... de facto, há dias... dias que
Lembram os potros de Átila
Dias em que a ira de Deus
Se abate sobre nós
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