Não sei o que se passa comigo, mas sonho contigo, noite após noite:
por entre as florestas dos meus desejos, tu abres a porta dos meus aposentos
e entras; leve como uma brisa marítima, entras.
Um véu de fina seda cobre-te a nudez. E eu adivinho os teus seios duros e
róseos como uma romã e o teu regaço quente como o fogo das minhas entranhas.
Ah como a pele se me inquina!
E os nossos olhos cruzam-se. E os teus olhos castanhos acendem
a minha noite; e todas as estrelas brilham por cima de nós. E a lua
cheia espreita-nos, pelo balcão.
Então, ofereço-te a minha mão, húmida de tanto desejo recalcado, húmida
de noites proibidas. Pois para os homens isto é um acto proibido. Mas para
os deuses, não! Os deuses compreendem-nos, pois este momento existe
para lá das pequenas brigas dos homens, para lá dos seus parcos dias.
Agora, vens até mim, e o teu véu cai; e todos os mistérios proibidos, todos
os tabus que durante anos e anos (terias quinze anos?) imaginei por baixo
das tuas jeans e das tuas belas blusas, descobrem-se.
Sim! Falo de desejos proibidos, pois isto que me leva a sonhar contigo talvez jamais
seja realizável. Mas este direito de sonhar, ninguém mo pode proibir.
Sim! Sonho contigo, e vejo como lanças a tua cabeça para trás num grito de luz,
e como os teus cabelos escuros e ondulados absorvem todo o luar, e como
o meu corpo se afunda no teu.
Ah como os teus gemidos me embriagam! Ah! como os nossos corpos se
movimentam, entregues no mar de Afrodite. |