<<<<<<<<<JUDITE TEIXEIRA>>>>>
POEMAS - INDEX
Ao Espelho

As horas vão adormecendo

preguiçosamente...

E as minhas mãos estilizadas,

vão desprendendo

distraídamente,

as minhas tranças doiradas.

Reflectido no espelho

que me prende o olhar,

desmaia o oiro vermelho

dos meus cabelos desmanchados,

molhados

de luar!

Suavemente, as mãos na seda,

Vão soltando o leve manto...

Meu lindo corpo de Leda,

fascina-me, enamorada

de todo o meu próprio encanto...

…………………………………….

Envolve-se a lua

em dobras de veludo

nos páramos do céu

e eu vou pensando,

no cisne branco e mudo

que no espelhante lago adormeceu...

………………………………………

Volta o luar silente...

E a minha boca ardente

numa ansiedade louca

procura ir beijar

o seio branco e erguido,

que no cristal do espelho ficou reflectido!…

Impossíveis desejos!

Os meus magoados beijos

encontram sempre a própria boca

banhada de luar

álgido e frio –

Dizendo em segredo

às minhas ambições,

o destino sombrio

das grandes ilusões!

Judite Teixeira representa um caso singular na história literária em Portugal não só pelo escândalo suscitado aquando a condenação e apreensão da sua coletânea poética de 1923, "Decadência", mas também pelo injusto esquecimento da sua contribuição literária, especialmente no discurso modernista das letras portuguesas. No entanto, como observou um dos poucos críticos que soube avaliar objetivamente a sua escrita - o poeta António Manuel Couto Viana - Judite Teixeira poderia ser considerada, dentre as escritoras portuguesas, a "única poetisa modernista". Para além de revisitar este momento crítico da escrita feminina - de particular relevância histórica nos estudos sobre a mulher em Portugal este ensaio tentará reavaliar a sua contribuição literária, não só no contexto da sociedade portuguesa, mas também no contexto mais amplo do despertar do mundo moderno.
René P. Garay

Fontes:

http://www.arlindo-correia.com/220705.html

http://elestablodepegaso.blogspot.com/2008/10/normal-0-21-false-false-false.html

http://www2.fcsh.unl.pt/facesdeeva/eva_arquivo/revista_5/eva_arquivo_numero5_c.html