A música sobe, a música segura-nos
a música amplia-nos
Eis a paragem, o momento
em que a música mistura o bem e o mal
As notas propagam-se, substancia ou retorno
de sombras ecoadas numa parede rugosa
Eis que o vento acalmou. Fechamos a porta
encetamos a respiração, procuramos
uma figura já não inteira. De repente acordamos.
Já nada avança sem uma concentração oculta
um ar de crispação um arrepio
E então dizemos a manhã acabou
Algo se agita e gira como um farol
a casa conhece agora o seu lugar definitivo.
A música cessa. Pelas ruas
a chuva desaba e alguém fala. Alguém ri.
Em lugares sem referência passos se vão ouvindo
passos sobretudo impenetráveis. O silencio
faz anoitecer o mundo que se prepara. |