A obra
o mistério
a palavra sombria como uma doce
flauta de Pan
A palavra
o segredo
a nossa voz como um mistério
na obra dos tempos
O tempo
a voz a palavra
como a parede que delimita
o som escuro que ondula
Uma parede uma porta
que nos provoca docemente
que um segredo
esconde, mostra retoma
Uma flauta oculta
uma voz sombria
um mistério que dói
e nos desfaz
Uma parede ao longe
branca e preta, preta
e branca.
Como uma flauta que se inventou
e já nada nos dirá.
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Gérard Calandre nasceu em 1952, na Bretanha, França. Viveu na Itália, leccionando na cidade de Messina. De formação científica, tem-se mantido afastado do mundo das Letras. Autor do livro Vestígios, traduzido por Nicolau Saião e de textos esparsos sobre o seu ramo profissional. Visitou Portugal em 1992 e 1997. Após o falecimento de sua mulher foi viver para o Canadá francófono.
Tem colaboração nas revistas “Diversos” – dir. José Carlos Marques, “Bicicleta” – orientada por Manuel Almeida e Sousa, “Agulha”(Brasil) – dir. Cláudio Willer & Floriano Martins, etc..
NS |