Meu nome
hirto intangível uno
voz assombrada. Ao nascer do dia aprendo a olhar
tudo o que me ofereceram tudo o que perdi
Meu nome
placa giratória flor decepada cortina
O meu irmão que deus não tem fala-me Que Deus tem
e terá As madrugadas estão imóveis
A sua voz tranquila a semelhança das linhas
do rosto Como era bela a hora do sol-pôr
Resistia à aventura e nem por isso menos bela
Meu irmão posto ante o milénio profundo
a longínqua floresta. Vós os amados do tempo
fragmentos e sentidos o fazer coisas simples
Os séculos e suas meditações os visíveis e invisíveis
recordo o cheiro pestilento das glicínias
Sereno no dia sereno na tarde Meu irmão acolhido
a ti regressarei como uma espera
O avô que nos comprava as botas para andar na neve
Aquela vez do coelho Aquela vez da viagem
a carne macia como se compreendêssemos
rebanhos de rosas rebentos de pulmões
Há uma esperança doutor Peço-lhe pelas suas alminhas
Meu irmão tão parado pulso sulcado de finos traços
O que é que a brisa diz quando passa nos telhados?
A janela cintila e tu não estás nela
O pai que sabia braille a sua voz por vezes estranha
por vezes há uma tristeza remanescente e viva
Conheço a pedra conheço o vinho conheço a sombra
meu irmão que já me não fala
Todas as veredas por onde caminhámos
agora mais nossas escritas para melancólicos
Uma voz necessita que os anos a busquem
a desejem
Coisas raras e no alto uma ramagem poderosa
Mano
Naquela manhã um ébrio caíra junto à nossa porta
Vingo-me do céu vingo-me do sono
nada tenho para esquecer
Dissipa-se a ternura um vaso cheio dum líquido escuro
O teu sangue furor perfeito
As palavras agora renascem da areia e perduram
Não é necessário falar Outra coisa
é o nosso cenário conjunto Algum dia direis
Meu irmão única visão consolidada.
|