Sento-me neste patamar à porta
da minha casa já de si airosa
de quantas luas não sei quantas sejam
depois da morte à vida dos meus netos.
Que é que distingue um ovo do seu ninho?
Do que eu mais gosto é ver de madrugada
os melros ancestrais no meu quintal,
sentado à porta neste patamar.
A minha casa há-de ser airosa,
sombras de luas que eu não sei quais sejam
da minha morte à vida dos meus netos.
Que é que distingue um ovo do seu ninho?
Dispersos já em luas – quantas sejam,
soltam-se os melros ancestrais e cósmicos,
quase trocistas em neblinas fixas.
Do que mais gosto quando aqui sentado
é vê-los a furar a madrugada.
O patamar é firme, a casa airosa,
e vai da morte à vida dos meus netos.
Lá estão em solitude as árvores no quintal.
Que é que distingue um ovo do seu ninho?
Sentado há-de ficar quem quer que seja
e julgará de novo aqueles melros
tal qual se fossem outros sendo os mesmos. |