Nas lojas, antigamente,
havia o Mestre, que era o dono delas.
As suas Artes eram seu Ofício,
para que ensinava sempre um Aprendiz.
O Mestre tinha o seu Oficial,
homem já feito, casadouro às vezes,
que ele criava à mão das ferramentas.
O Mestre era o patrão, e em sua casa
todos viviam como pai e filhos.
Lá tinham percentagem e alimento,
que a carne é corpo para criar o espírito.
Da profissão faziam a família,
comunalmente a sua lealdade,
e cada obra, ideia produzida,
era o louvor unido deles todos
que em troca dos seus ganhos ao freguês
levavam pronto como novidade.
Esse freguês em pouco procurava
aquelas coisas para o seu enfeite,
delas se dava à sua precisão.
Ainda quase não havia máquinas,
das suas mãos directas, com aprestos,
provinham simples complicadas peças
de sentimento e cérebro trasladadas
da vida para o tempo, persistentes.
O quadro se fazia de esquadria,
a roda se fazia de redondo,
as regras eram quem dizia o ser,
ditavam liberdade e consciência.
– Deus era sempre a explicação distante
e perto de qualquer matéria-prima.
Também a História pode ser um sonho.
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