O homem que
parecia Lenin (sem as roupas da revolução) caiu no saloon, como um
cowboy que escorrega no líquido das suas humilhações após tomar um tiro
de vodka na garganta.
A vida é
faroeste, leste, norte, sul e no centro o homem tombado, entre dois
retratos matadores, pensando como levantaria sem parecer fraco e
patético ou pensando em qualquer coisa aleatória, porque esperar
raciocínio coerente de um homem que está agarrado ao chão como se
fizesse parte dele, é exigir demais.
E então, de
dentro dos retratos eles sacaram as armas, enquanto Pancho ajeitava o
chapéu, Zapata precipitou-se em apertar o gatilho na direção da criatura
estendida, porque é melhor morrer de pé do que viver de joelhos e
aqueles joelhos já estavam entregues.
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Camila Vardarac nasceu no Rio de
Janeiro, em 1987. Observadora por natureza, escritora por impulsão –
pela necessidade (recorrente) de expressar-se em prosa e poesia. Voyeur
da realidade e de suas representações, encontrou no cinema um meio de
materializar suas idéias no continuum do espaço-tempo, desconstruindo-se
em impressões. |