Cronos é um
palhaço maligno viciado em anfetamina.
A velocidade da ação corrói carnes e ossos e nervos que ainda não são
ligas de cobre. Vivemos amparados pelas muletas da loucura enquanto a
morte nos cerca os passos. Ácaros da destruição, invisível terror
psicológico.
A rapidez
com que trocamos de máscaras diante dos espelhos dos outros, nos cega.
Somos reis acreditando ter poder e controle - já que estamos protegidos
pelo manto quente das nossas verdades particulares - aplaudindo o bobo
da corte sem sabermos que ele é o espião do tempo, encurralando-nos em
armadilhas ilusionistas.
Caso
o enviado das horas nos levasse para o topo de uma montanha e
determinasse alguns minutos para respondermos quem somos... gastaríamos
todos os minutos antes que terminássemos de contar os disfarces.
Seríamos,
oficialmente, vítimas da sociedade do espetáculo e nossos corpos
rolariam pelo abismo, caindo sobre um monte de esqueletos sem rosto. |