quero o sentido não o corpo que vai
depressa o murmúrio dos anjos
que já ouviste a vontade matinal
do domingo em sua cápsula de vidro
quero o não-querer que foi ouvinte
de um amor sem razão para si mesmo
aquela coisa caida ou aquela
visão sem jeito para ser da vida
meu anjo sem dever de bondade
pelo que desejo sempre e desejaria antes
do tempo inexistente com amor tão grande
para ouvir uma palavra que não encerrasse
tudo e no entanto bastasse eternamente
(in “A Razão do Nada”) (c)