Se estivesse em casa estaria frente a uma tela branca
a ver-me nela
a falar com ela…
-fica longe a minha casa,
fica na grande fenda da voz,
é lá que tenho guardada a minha solidão e silêncio.
E longe da minha casa somente musculo ecos no corpo.
—perto da minha voz tem um lago— isolada sombra de
platano.
se pudesse acharia uma imagem entre um ponto e ficava
aí, no silencio a colorir criança.
Se pudesse dividia ao meio o vazio e das partes surgia
silencio azul
sou nada quando tenho frio,
sou nada quando tenho fome,
sou nada quando não sou eu.
Mas continuamos a pintura do sorriso, dos olhos, do
nariz e nas telas poemo da boca
queremos ver na língua um dióspiro maduro, de pele
enrugada a contorcer-se na saliva de dor
queremos falar e dizer a ouvir cinzas, ficar carvão na
tela!
se estivesse em casa à ausente tinta buscaria
gotas de solidão.
nesses momentos sou só
fruto na tela
outono e água.
A.fe
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