Poema de ternura

 

PAULO BRITO E ABREU


( invoco, para a Musa minha, o 10 de Copas )

Ela pegava nos bichos com as duas mãos e depois vinha-mos mostrar com um sorriso traquino de gaiata nunca convencida de que o Sol brilhava nos seus olhos. Um dia eu fui à livraria da cidade e comprei-lhe um livro muito grande com estampas de animais domésticos que haviam de alegrar a sua juventude. Depois de lho oferecer ela apenas me perguntou por que é que tinham posto letras nos animais e lhes haviam chamado de domésticos e eu não soube que lhe responder. Fiquei muito sério a olhar para ela e um sorriso iluminou os nossos lábios. O Universo que tínhamos nas nossas mãos era o mundo colorido da nossa imaginação. E hoje que crescemos os dois eu nunca posso esquecer aquela linda menina loura que nasceu no campo para ser gaiata, forrar as minhas paredes de um azul muito claro e brincar com os meus cabelos chamando-me Papá……………….


Lisboa, 17/ 07/ 1979

SPES MESSIS IN SEMINE

POETA, JORNALISTA, BIBLISTA E ALFARRABISTA

PAULO JORGE BRITO E ABREU