OBSERVATÓRIO DA NATUREZA
|
||||
Répteis e Anfíbios Conversa com E.G.Crespo |
||||
|
||||
|
||||
Na região de Lamego poderão eventualmente encontrar-se as duas cobras de água (Natrix maura e N. natrix) (apenas mal cheirosas), a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), de dimensões apreciáveis, potencialmente perigosa, mas que, tendo as presas venenosas na parte posterior das maxilas, não consegue, quando morde, injectar o veneno (salvo em casos muito particulares). Poderá também existir a cobra-de-ferradura, Coluber hippocrepis (=Hemorrhois hippocrepis), inofensiva, e as duas espécies de cobras lisas da nossa fauna, Coronella austriaca e C. girondica (também inofensivas). Portanto a única perigosa é realmente e apenas a Víbora, que se distingue bem por ter o focinho arrebitado, um padrão de coloração dorsal com uma banda escura em zig-zag, e uma cauda muito curta. Mas atenção! Este animal é pacífico e só ataca quando directamente molestado! Estela Guedes - Os sardões também vão à vida. Trepam pelas pernas das mulheres, diz-se, por isso não sobrevivem, se calha aparecerem à frente de uma sachola. Como é possível pensar em preservação das espécies, com a sobrevivência de tais mentalidades, e como se lida com o problema? Eduardo Crespo – Para se lidar com este problema é sobretudo necessário esclarecer as pessoas. Mostrar-lhes a importância biológica e até económica destes animais, os seus hábitos muito particulares e portanto curiosos, a sua estética que por vezes passa despercebida. Há portanto que destruir essas falsas crenças e antigos mitos populares com uma acção fundamentalmente concentrada nos mais jovens, nas escolas. |
||||
*E.G.Crespo é professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Como herpetologista, tem feito muito trabalho de investigação sobre os répteis e anfíbios que ocorrem na Europa, em África, mas especialmente em Portugal. | ||||