PARQUE NACIONAL DAS SERRAS D'AIRE E CANDEEIROS /
Na lagoa do Arrimal foi criminosamente introduzido o achigã, uma espécie
originária do Canadá, cuja fome voraz acabou com várias espécies de anfíbios
que ali viviam: a rã-verde (Rana perezi), a
Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), o
Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), o Pleurodelo (Pleurodeles
waltl) e outras, mencionadas pelos guias que nos acompanharam na visita
ao PNSAC, cujo nome não retive. Reafirmo que a introdução é tão criminosa
como um fogo posto ou uma casa bombardeada, porque, vamos imaginar: eu,
Maria Estela Guedes, escritora, queria assinar eu mesma esse lindo serviço.
Como fazia? Ia ao supermercado comprar os achigãs? Há achigãs vivos à venda
em Portugal? Onde? Mas calculo eu que esse lindo serviço não se faça com
achigãs adultos, sim com ovos ou larvas, que certamente têm de ser
transportados a dada temperatura, em recipientes apropriados. E também não
deve bastar, depois de tanta canseira, despejar à toa as larvas ou os ovos
na lagoa. Eu pergunto, como perguntaria qualquer detective: quem terá acesso
à informação (know how) e ao material necessários para o lindo serviço? Não
pergunto porque é que o serviço foi feito porque a resposta está patente:
para liquidar as espécies de anfíbios que viviam na dependência da lagoa.
Pergunto: quem tem o perfil próprio para levar a cabo o lindo serviço? |