Há quem morra em Veneza, eu sei, e há bichos que morrem na arena, cheios de brio, e outros na guerra, e eu como os que morrem para ser comidos, e nós morremos todos de doença ou de velhice ou até por atropelamento, eu sei, mas há mortes muito mais parvas que outras, é o que acontece no tanque da rega que está abandonado porque outra coisa morreu de morte macaca, por aqui, ou está de moribundez militante, como se dizia numa telenovela brasileira, a agricultura, e como a agricultura está moribunda, o tanque não é usado e tem água da chuva e no meio do lixo e podridão mortal que por lá existe ainda há outras formas muito mais parvas de morrer que a morte macaca, é quando os animais se enfiam dentro dos sacos de plástico e depois não conseguem sair, pensar que essa é a causa de grande percentagem de mortes acidentais das tartarugas marinhas, credo!, confundem os sacos de plástico com as medusas, toca de as manjar, como se fossem paparoca, e depois morrem asfixiadas, no tanque o tritão marmorado morreu asfixiado porque não conseguiu sair do saco de plástico para vir respirar fora de água, eles podem ficar que tempos esquecidos debaixo dela, mas a páginas tantas precisam de oxigénio porque respiram por pulmões, como nós, e as rãs, com os parasitas ou coisa assim, ou mesmo os girinos, doentes à nascença, depois são deficientes, uma dessas rãs verdes só tem três patas e meia, olhei, olhei, a ver se algum pássaro lhe teria comido metade, ou mesmo um gato, mas não parece nada disso, ela parece perneta de nascença, então o girino é que já se desenvolveu sem a pata toda, acontece, já outra rã ali nasceu branca, ou era albina ou estava parasitada por fungos, eu sei lá!, quem lhes mandou nascer quando não há condições de sobrevivência? |